4º Edital do Programa de Especialização em Patrimônio do IPHAN

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional está lançando o 4º
Edital de Seleção do Programa de Especialização em Patrimônio (PEP), para
selecionar candidatos à turma 2009. Este Programa de bolsas destina-se aos
profissionais recém-graduados em diversas áreas do conhecimento, para sua
especialização no campo da preservação do patrimônio cultural durante um
ano, renovável por igual período. Os candidatos selecionados serão
especializados por meio de sua integração nas unidades do Iphan,
distribuídos conforme tabelas 1 e 2 do 4º Edital do PEP, disponível no
Portal do Iphan: www.iphan.gov.br. As inscrições estão abertas até o dia 9
de janeiro de 2009 e as atividades do Programa terão início em 2 de março de
2009.

Solicitamos a colaboração de todos para sua divulgação.

Coordenação do PEP

COPEDOC/IPHAN
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Digitalizado, acervo de Jango mostra amargor durante o exilio


*Em 62, EUA pediram apoio a Jango na crise dos mísseis em Cuba*

*Carta de John Kennedy mostra que americano solicitou ajuda política e
militar ao Brasil contra a ameaça soviética

Em manuscrito de arquivo do CPDOC, João Goulart se manifesta contra ação
militar em Cuba e defende autodeterminação do país*

*RAPHAEL GOMIDE*
DA SUCURSAL DO RIO

No auge da crise dos mísseis em Cuba, em 22 de outubro de 1962, o presidente
dos Estados Unidos, John F. Kennedy, enviou carta "secreta" ao colega
brasileiro João Goulart, pressionando-o por apoio diplomático, político e
até militar contra o "desafio ousado e belicoso" [de instalar mísseis em
Cuba] da URSS a "todos os povos livres". Segundo Kennedy, os mísseis
representavam "grave (...) ameaça ao hemisfério ocidental", e os dias
seguintes determinariam "o futuro da humanidade neste planeta".

Kennedy propõe a Jango uma ação conjunta, que pode incluir a "participação
(...) em alguma ação militar", "senão a União Soviética vai passar a
violações mais e mais flagrantes contra a paz internacional e a liberdade,
até que não tenhamos mais escolha a não ser a rendição absoluta ou o
desencadear de um holocausto nuclear". "Temos de tomar uma posição agora; o
mundo inteiro está observando."

As quatro páginas da mensagem e mais 563 páginas de documentos, além de 136
fotos, integram os arquivos pessoais do presidente deposto João Goulart
(1961-64), desde domingo digitalizados e disponíveis a acesso público no
site do CPDOC/FGV *(www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/)*.

O governo brasileiro não participou da malfadada intervenção em Cuba. Não se
sabe se esta foi a resposta oficial do brasileiro, mas os arquivos do CPDOC
contêm manuscrito em que Jango se manifesta contra a intervenção militar em
Cuba e defende a autodeterminação do país. "Nunca reconhecemos a guerra como
instrumento de resolver conflitos entre os países", escreveu.

Os papéis digitalizados são um resumo do pensamento e das angústias do
último presidente civil antes de 21 anos de regime militar. Trazem
documentos pessoais, fotos e material de sua vida pública. Retratam o
conturbado período de sua presidência, iniciada com a renúncia de Jânio
Quadros e encerrada com sua queda, após golpe que o levou ao exílio, onde
morreu, em 1976.
Há relatos sobre articulações políticas do então governador da Guanabara,
Carlos Lacerda, para derrubá-lo, em 1963, e dos militares contra sua posse
após a renúncia de Jânio, em 61. Uma carta do amigo Doutel de Andrade o
alerta que ele seria preso caso voltasse da China ao país naquele momento. A
fonte era o presidente da República provisório, Ranieri Mazzili.
Os papéis são divididos por período histórico e compreendem as várias fases
da vida do gaúcho, herdeiro político de Getúlio Vargas.

Observando virtualmente os documentos, é possível compreender a
radicalização e a tensão antes do golpe, as tratativas infrutíferas de
reverter o destino já no Uruguai, e enxergar a tristeza e o amargor dos anos
de exílio. Até sua morte, ele escrevia manuscritos endereçados "ao povo
brasileiro".

*Aberto para o mundo*

A digitalização dos documentos foi feita com o patrocínio de R$ 3 milhões do
banco Real. Segundo Suely Braga, coordenadora do setor de documentação do
CPDOC, o objetivo é preservar o acervo e abrir possibilidades de consulta
para o mundo.

O acervo de Jango foi doado em 1990 pela família de Raul Ryff, que foi
secretário de imprensa do presidente. Não existe outro arquivo privado
conhecido, diz Suely Braga, embora parentes do ex-presidente tenham se
referido a um baú, que se teria perdido.

Para a pesquisadora sênior do CPDOC Ângela de Castro Gomes, autora do livro
"Jango -As Múltiplas Faces", o acervo "contempla tanto a dimensão de homem
público quanto a pessoal" de João Goulart. "Lendo o arquivo, conseguimos
sentir como aquele personagem vivia como pessoa, seu sofrimento e seu desejo
de voltar ao Brasil de qualquer maneira", diz.

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Fabrício Augusto Souza Gomes
fabricio.gomes@gmail.com MSN: fabriciosgomes@msn.com
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Médici queria revogar AI-5, diz ex-presidente da Arena


*40 ANOS DO AI-5*

*Médici queria revogar AI-5, diz ex-presidente da Arena*

*General fez consultas, mas não encontrou nenhum apoio, diz Rondon Pacheco

Costa e Silva também queria extinguir ato outorgando uma nova Constituição
em 1969, mas adoeceu e foi afastado da Presidência*
Fernanda Odilla/Folha Imagem
*O ex-ministro e ex-governador Rondon Pacheco, em Uberlândia*

*FERNANDA ODILLA*
ENVIADA ESPECIAL A UBERLÂNDIA (MG)

*SOFIA FERNANDES *
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM UBERLÂNDIA (MG)

O general Emílio Garrastazu Médici assumiu a Presidência do Brasil em
outubro de 1969 disposto a revogar o AI-5, sigla que entrou para a história
como o ato institucional que escancarou a ditadura no país. Médici desistiu
da idéia e assumiu uma posição linha-dura tão logo constatou, em consultas
informais, que não teria o apoio de importantes aliados.

A cúpula das Forças Armadas achava cedo demais para extinguir o texto que
abriu a possibilidade de fechar o Congresso, permitiu intervenção do governo
federal nos Estados, institucionalizou a censura e suspendeu o habeas corpus
em casos de crimes políticos.

A primeira versão do AI-5, contudo, era muito mais radical. Extinguia o
Legislativo em todo país e fechava o Supremo Tribunal Federal. Essa versão
foi rechaçada pelo então presidente Arthur da Costa e Silva (1967-1969), que
exigiu um texto que não fosse "dose para cavalo" e só aceitou assiná-lo
porque temia ser deposto.

O autor dessas revelações, até hoje compartilhadas em detalhes somente com
poucos confidentes, é Rondon Pacheco, ex-chefe da Casa Civil do governo
Costa e Silva. Aos 89 anos, ele é a única testemunha viva que participou de
todo o processo de confecção do AI-5, no dia 13 de dezembro de 1968.

Com as credenciais de quem redigiu o texto final do ato, ajudou a fazer uma
Constituição que facilitaria a revogação do ato em 1969 -mas não foi
outorgada porque Costa e Silva adoeceu- e participou da escolha da segunda
chapa presidencial depois do movimento de 1964, Pacheco revelou à Folha
bastidores daquele capítulo da história da ditadura brasileira.

"O presidente Costa e Silva me disse isso várias vezes em seus despachos,
que ele às vezes não dormia pensando nos problemas do outro dia", recorda
Rondon Pacheco, dizendo que Costa e Silva assumiu o governo gerenciando
problemas. Havia, segundo Pacheco, uma conspiração sendo tramada pelo
ex-governador Carlos Lacerda no Hotel Glória (RJ).

"Não foi um governo tranqüilo, apesar de estar perfeitamente
constitucionalizado", diz. Mas afirma que a Constituição de 1967 assustou o
autodenominado "governo revolucionário". Para o ex-chefe da Casa Civil, foi
a falta de habilidade política que transformou dois curtos discursos do
deputado Márcio Moreira Alves -que criticou militares no plenário da Câmara-
na maior crise do governo. "Coisa do Márcio, demagogo", avalia Pacheco.
Ofendidos, os militares exigiram a cassação do deputado. Pacheco conta que
Costa e Silva acordou uma solução intermediária para aprovar uma licença
para o deputado.

"Se tivesse havido a punição conforme já estava combinado, não teria havido
nada [o AI-5]", sustenta. Mas o ministro Gama e Silva (Justiça) decidiu, à
revelia, trocar os integrantes da comissão que analisava o caso para aprovar
a cassação. O ministro só não foi demitido porque era amigo do presidente,
segundo Pacheco.

A cassação, contudo, foi rejeitada pelo plenário da Câmara por 216 votos a
141, conforme ata da sessão de 12 de dezembro de 1968. Diante da derrota no
Congresso, as condições para um golpe dentro do golpe estavam postas, na
visão do governo. O presidente tomou a decisão de "nada decidir" naquela
noite de quinta-feira. Nem sequer recebeu companheiros de farda, que já
tramavam uma proposta para reforçar o poder das Forças. Convocou reunião
para as 11h.

Na manhã daquela sexta-feira 13, começava a fase mais dura da ditadura
brasileira. "Tudo foi decidido pela manhã. Quando foi para o Conselho
[Nacional] de Segurança, o problema já tinha sofrido um despacho saneador do
presidente", recorda o ex-ministro.

Foi convocado para a reunião um seleto grupo que ouviu do presidente a
intenção de fechar o Congresso e editar um ato semelhante ao AI-1, que
permitiu a cassação e suspensão dos direitos políticos de quem era contra o
sistema.

"Gama e Silva estava muito agitado. Isso eu notei. Ele chegou, sentou na
cadeirinha do ministro da Justiça e disse: "O ato, presidente, está pronto".
Ele estava certo que ia fazer o presidente engolir o ato", revela Pacheco. A
primeira versão do AI-5 proposta "era um ato terrível", nas palavras de
Pacheco. Demitia todos os ministros do Supremo, dissolvia o Congresso e
todas as Assembléias Legislativas. A intervenção federal seria no país
inteiro, inclusive com a indicação de todos os prefeitos.

Rondon Pacheco guarda na memória detalhes daquela primeira reunião do dia no
Palácio das Laranjeiras, mas revela ojeriza à versão ultra-radical do AI-5
lida por Gama e Silva. Diz que não quer nem saber que fim levou aqueles
papéis.

Antes de vetada pelo presidente, a primeira versão dividiu os seis
integrantes da reunião (veja quadro). A nova proposta foi apresentada no
início daquela tarde. Caberia a Rondon Pacheco elaborar o texto final. "O
Gama e Silva levou um projeto e eu fui expurgando".

Enquanto fechavam o texto, chegaram os membros do Conselho Nacional de
Segurança para a reunião das 17h, que sacramentou o AI-5. O vice-presidente
Pedro Aleixo, segundo Pacheco, trouxe uma proposta para decretar o estado de
sítio e uma carta de renúncia, se Costa e Silva desistisse.

Costa e Silva permaneceu no poder, mas elaborou um plano: a outorga de uma
nova Constituição permitiria acabar com o AI-5 no dia 7 de setembro de 1969.
Mas adoeceu e foi afastado do cargo dez dias antes de executar o cronograma.

O presidente que sucedeu Costa e Silva também pensou em pôr fim ao ato,
afirma Pacheco: "O Médici quis revogar o ato e não teve apoio. O Exército
achava cedo". Escalado por Médici para presidir a Arena e depois governar
Minas, Pacheco conta que o presidente recém-empossado fez consultas sobre o
assunto. "Médici achou que talvez fosse melhor fazer o teste: revogar o AI-5
para ver se eles paravam com a agitação." Mas o teste nunca foi feito.
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Fabrício Augusto Souza Gomes
fabricio.gomes@gmail.com
MSN: fabriciosgomes@msn.com
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PALESTRA - 40 ANOS DO A.I.5 - MODESTO DA SILVEIRA


Palestra
40 ANOS DO A.I. 5 - DA OBSCURIDADE AO ESTADO DE DIREITO

PALESTRANTE – DOUTOR MODESTO DA SILVEIRA - ADVOGADO DE PRESOS
POLÍTICOS

DEBATEDOR: JOÃO BATISTA DAMASCENO

LOCAL: FÓRUM DE NOVA IGUAÇU
DIA 11 DE DEZEMBRO DE 2008 - HORÁRIO 17 HORAS – AUDITÓRIO MINISTRO
VICTOR NUNES LEAL – 2º ANDAR
INFORMAÇÕES: TEL: 2765-1217
- RUA SANTOS DUMONT, 968 –BAIRRO DA LUZ – NOVA IGUAÇU
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