Cientistas sociais de países de língua portuguesa chegam à internet

segunda-feira, 11 de outubro de 2010


Fonte: JC e-mail 4114, de 11 de Outubro de 2010  
 
Cientistas sociais de países de língua portuguesa chegam à internet
 
Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do Brasil (CPDOC/FGV) divulga acervo de entrevistas com cientistas sociais de Brasil, Portugal e Moçambique

O projeto "Cientistas Sociais de Países de Língua Portuguesa: Histórias de Vida" produz e disponibiliza ao grande público, via internet, entrevistas filmadas com cientistas sociais de Brasil, Portugal e Moçambique.

 

Resultado de uma parceria entre instituições dos três países, com apoio do CNPq, o projeto reúne depoimentos sobre as trajetórias individuais dos entrevistados e, através delas, também a história das Ciências Sociais nesses países.

 

As entrevistas têm levado também ao acesso a memoriais, filmes, fotografias e textos relacionados às trajetórias e pesquisas dos cientistas sociais entrevistados, material também disponibilizado online.

 

Os resultados, em constante atualização, podem ser vistos em http://cpdoc.fgv.br/cientistassociais 

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Existe vida cultural além de editais? - iindicação interessante


Tenho a grata satisfação de socializar com todos, o estudo que chama-se *"Economia Viva e Solidária: Estudo Propositivo de Alternativas de
sustentabilidade financeira dos Pontos e Pontões de Cultura"* e está compartilhado pra baixar o PDF aqui:
Livro: http://www.overmundo.com.br/banco/economia-viva-e-solidaria-alternativas-de-fomento
Uma parte foi dedicada para o Iº Prêmio Economia Viva em que fui uma das protagonistas.
Por gentileza, encaminhem às suas listas, se porventura, julgarem
interessante.
Abração,

Marly Cuesta
Rep.do RS na CNPdC
(51)8142-4976
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"República Fundamentalista cristã"


"República Fundamentalista cristã". Ñ se pode impedir q pauta d modernização social chegue ao Brasil. Ótimo artigo d Vladimir Safatle

São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010
VLADIMIR SAFATLE

República Fundamentalista Cristã

Um poder moderador vigia o debate político e impede que pautas de modernização social cheguem ao Brasil

FUNDADA EM 31 de outubro de 2010 após a expulsão dos infiéis do poder, a República Fundamentalista Cristã do Brasil apareceu em substituição à República Federativa do Brasil. Dela, ela herdou quase tudo, acrescentando uma importante novidade institucional: um poder moderador, pairando acima dos outros Três Poderes e composto pela ala conservadora do catolicismo em aliança com certos setores protestantes. 

Os mesmos setores que, nos EUA, deram suporte canino a George W. Bush. A função deste poder moderador consiste em vigiar o debate político e social, impedindo que pautas de modernização social já efetivadas em todos os países desenvolvidos cheguem ao Brasil.

Na verdade, a fundação desta nova República começou após uma eleição impulsionada pelo problema do aborto. Procurando uma tábua de salvação para uma candidatura que nunca decolara e que passou ao segundo turno exclusivamente por obra e graça de Marina Silva, José Serra resolveu inovar na política brasileira ao instrumentalizar politicamente os dogmas mais arcaicos deste que é o maior país católico do mundo.

Assim, sua mulher foi despachada pelos quatro cantos para alertar a população contra o fato de Dilma Rousseff apoiar "matar criancinhas" (conforme noticiou um jornal que declarou apoio explícito a seu marido). 

As portas de seu comitê de campanha foram abertas para os voluntários da TFP, com seus folhetos contra a "ameaça vermelha" capaz de perverter a família brasileira através da legalização da prostituição e do casamento gay (conforme noticiou o blog do jornalista Fernando Rodrigues). A internet foi invadida por mensagens "espontâneas" contra a infiel Dilma e o PNDH-3.

José Serra já havia dado a senha quando afirmou, em um debate, que legalizar o aborto seria uma "carnificina". Que 15% das mulheres brasileiras entre 18 e 39 anos tenham abortado em condições indescritíveis, isto não era "carnificina". 

Carnificina, para Serra, seria o Brasil importar esta prática tão presente na vida dos "bárbaros selvagens" que são os ingleses, franceses, alemães, norte-americanos, espanhóis, italianos, ou seja, todos para quem o aborto é, pasmem, uma questão de saúde pública e planejamento familiar.

Confrontada com esta guinada, a "classe média esclarecida" não se indignou. As clínicas privadas que fazem abortos ilegais continuariam funcionando. O direito sagrado de salvar a filha de classe média de uma gravidez indesejada continuaria intacto. Para tal classe, o discurso sobre "valores cristãos" era apenas uma radicalização eleitoral.

Quando o poder moderador, confiante em sua nova força, começou a exigir que o criacionismo fosse ensinado nas escolas, que o Estado subvencionasse atividades de proselitismo religioso travestidas de filantropia, já era tarde. 

Então, alguns lembraram, com tristeza, dos pais fundadores da República Federativa do Brasil, decididos a criar uma república laica onde os dogmas religiosos não seriam balizas da vida social. Uma república onde seria possível dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. Uma República que morreu no dia 31 de outubro de 2010.

VLADIMIR SAFATLE é professor no departamento de filosofia da USP.

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