Senegal oferece terra para haitianos descendentes de africanos

terça-feira, 19 de janeiro de 2010


17/01/2010 - 12h15

Senegal oferece terra para haitianos descendentes de africanos


da France Presse, em Paris (França)
da Folha Online

O presidente senegalês, Abdulaye Wade, ofereceu neste domingo terra aos haitianos descendentes de escravos após o terremoto de magnitude 7 que atingiu o país caribenho na terça-feira (12).

"A sucessão de calamidades que afetam o Haiti me levam a propor uma solução radical: criar na África, em algum lugar, certamente com africanos, com a União Africana, um espaço, a determinar com os haitianos, para criar ali as condições de retorno dos haitianos", disse o presidente senegalês em entrevista à rádio France Info.

O presidente disse ainda ser importante "dar esta oportunidade aos haitianos" e que o retorno pode acontecer de uma só vez ou em várias etapas.

"Não escolheram seguir para esta ilha e não seria a primeira vez que ex-escravos ou seus descendentes seriam devolvidos à África. É o caso da Libéria, onde tiveram que integrar-se à população local para formar atualmente a nação liberiana", exemplificou Wade.

"Nosso dever é reconhecer o direito de voltar a terra de seus antepassados", insistiu o presidente, que lembrou que a medida acarretará em gastos e que será necessário saber quem vai assumi-los.

O terremoto aconteceu às 16h53 desta terça-feira (19h53 no horário de Brasília) e teve epicentro a 15 quilÿmetros de Porto Príncipe, a capital do país.

Ainda não há um dado preciso sobre o número de mortos. A Organização Pan-americana de Saúde, ligada à ONU, diz que pode ter morrido cerca de 100 mil pessoas. Já o Cruz Vermelha estima o número de mortos entre 45 mil e 50 mil. Nesta sexta-feira, governo do Haiti afirmou estimar em 140 mil o total de vítimas.

Mais de 25 mil corpos de vítimas já foram enterrados, declarou neste sábado o primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive. "Vinte mil corpos foram oficialmente retirados pelo Estado, sem contar aqueles retirados pela Minustah [missão de paz da ONU no Haiti], pelas ONGs e pelos voluntários, que somam por volta de 5.000 a 6.000", declarou.

Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, 17 brasileiros morreram no país --14 militares e mais três civis, entre eles a médica Zilda Arns e o chefe-adjunto civil da missão da ONU no Haiti, Luiz Carlos da Costa. O corpo de Costa foi encontrado neste sábado.

Mais 16 militares brasileiros ficaram feridos no terremoto. Eles chegaram ao Brasil nesta sexta-feira, e desde então estão internados no Hospital Geral do Exército, em São Paulo, para um período de quarentena.

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