Concurso para História da Amazônia

terça-feira, 11 de maio de 2010


Está aberto o edital para o concurso para Professor Assistente de História da Amazônia, na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). Como requisitos mínimos, exige-se que o candidato tenha graduação e mestrado em História. O período de inscrição é de 24 a 28 de maio. Maiores informações, no site http://www.unifap.br/info.php?operacao=mostrar&cod_noticia=4311 
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LANCAMENTO DO LIVRO RACISMO A BRASILEIRA EM GOIANIA


CONVITE
 
O Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Academia Goiana de Letras, Academia Mineirense de Letras e Artes, União Brasileira de Escritores-GO, Academia Feminina de Letras e Artes, Tribunal de Justiça de Goiás e os Movimentos Sociais Negros convidam Vossa Excelência e Ilustríssima Família para o lançamento do livro RACISMO À BRASILEIRA: RAÍZES HISTÓRICAS, em 4ª edição, de Martiniano J. Silva, a realizar-se:
 
Data: 13 de maio de 2010;
Horário: 19h30min;
Local: IHGG – Rua 82, nº 455 - Setor Sul
Goiânia - Goiás
 
Sua presença nos honrará.
 
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Colóquio Internacional: "Capitalismo como religião - Deslocamentos do religioso na sociedade contemporânea" (Cidade de Goiás, 02-04 de junho)


Goiânia, 10.05.2010

Núcleo de Estudos Avançados em Religião da PUC promoverá Colóquio Internacional

          O Núcleo de Estudos Avançados em Religião e Sociedade, sediado no Programa de Pós-Graduação 'Stricto Sensu' em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, já tem sua primeira promoção definida: o Colóquio Internacional que vai debater, de 2 a 4 de junho deste ano, na Cidade de Goiás, o tema "Capitalismo como religião –Deslocamentos do religioso na sociedade contemporânea". O Núcleo, aprovado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), através do Programa conjunto de apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), envolve a participação de pesquisadores da PUC Goiás, da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Estadual de Goiás (UEG).
          O Colóquio Internacional iniciativa do Núcleo de Estudos Avançados em Religião e Globalização, da Rede Goiana de Pesquisa sobre Religião e Globalização e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC Goiás, em parceria com a UEG, campus da Cidade de Goiás, terá a participação de economistas, historiadores, cientistas da religião, filósofos, teólogos e membros de movimentos sociais defensores de uma visão crítica da globalização. Por ser um colóquio, as conferências serão breves, de modo a propiciar bastante tempo para o debate entre os participantes e a interação com o público presente.

CAPITALISMO x RELIGIÃO    
  
         "O mercado global contém duas qualidades freqüentemente associadas à herança religiosa: transcendência e onipresença. Sua globalidade transcende os indivíduos, as classes sociais e as nações, envolvendo a todos no seio de uma mesma integralidade. Seu domínio não conhece fronteiras, abarca o planeta por inteiro; homens, povos, natureza, a ele são submetidos. A universalidade do mercado, ou seja, sua extensão confere-lhe a dimensão de totalidade (e muitas vezes de totalitarismo). A transcendência é, contudo, sempre abstrata, algo latente; para se realizar ela deve manifestar-se no mundo, afirmar sua onipresença. A transcendência do mercado perpetua-se através do consumo, este é o ato que a situa, a singulariza, inserindo o indivíduo no seu ser... Entretanto, tais virtudes nada têm de "verdadeiras", falta-lhes um fundamento ontológico, sagrado, por isso o mercado se apresenta como uma "falsa religião", e sua adoração, uma "idolatria". Religião e mercado surgem assim como entidades morais mundiais, concorrentes e conflitantes. Cada um com seus deuses, suas exigências, sua ética."
         Esse texto do sociólogo Renato Ortiz, publicado na "Revista Brasileira de Ciências Sociais" (v. 16, n. 47, p.72), dá impostação à proposta do Colóquio Internacional, quando os participantes vão analisar e discutir as pretensões totalizantes e totalitárias do capitalismo. Dentre as questões colocadas, diante da ampla aceitação e onipresença mundial do capitalismo, se a fusão dos horizontes da economia capitalista com as expectativas de felicidade e realização humana, a empatia da mercadoria com a esfera libidinal e do desejo, as experiências de transcendência que o consumo promete, "se por tudo isso não deveria o capitalismo atual ser mais propriamente pensado e analisado como uma religião".
          "Se não, onde estariam as fronteiras, os limites, as pertinências de cada um. Se sim, que tipo de religião seria este, que desafios teóricos coloca às ciências da religião, que desafios práticos propõe à prática política e que desafios existenciais apresenta também às religiões, sobretudo àquelas correntes críticas e libertadoras dentro do Cristianismo", propõem os organizadores do evento.

                 COLÓQUIO INTERNACIONAL.
          Colóquio Internacional 'Capitalismo como Religião - Deslocamentos do religioso na sociedade contemporânea', iniciativa do Nucleo de Estudos Avançados em Religião e Globalização, PUC Goiás e UEG da Cidade de Goiás, será realizado nessa cidade nos dias 2 a 4 de junho de 2010.

                PROGRAMAÇÃO
02.06.2010 – Quarta-feira
Tarde: Chegada à Cidade de Goiás, acomodação dos participantes
19h30min - Abertura e jantar de boas-vindas (NEAv-UEG)
20h30min - Passeio guiado pela cidade, Eduardo Quadros – UEG, Cidade de Goiás
03.06.2010 – Quinta-feira, Corpus Christi
8h30min – Conferencia: 'Pode o capitalismo ser considerado uma religião? Deslocamentos do religioso e esfera econômica', tendo como o professor doutor Alberto da Silva Moreira, da PUC Goiás
9h – Debate e interação
10h – Pausa
10h20min – Conferencia: 'Religión y fetichismo de la mercancia', Jose Antonio Zamora – CSIC, Madrid
11h - Debate e interação
12h – Pausa para almoço
14h – Conferencia: 'Capitalismo, transcendência e onipresença', professor Nildo Silva Viana, da Universidade Federal de Goiás
14h30min – Debate e interação
15h30min – Pausa
16h – Conferencia: 'A fé no dinheiro: Promessa de salvação e riqueza infinita', Josue Candido da Silva – UESC-BA, Ilheus
16h30min – Debate e interação
17h30min – Pausa
19h30min – Jantar
20h30min – Programação cultural
04.06.2010 – Sexta-feira
8h30min – Conferencia: "Mercado: a religião sem interditos e seu projeto de recriar o humano e o mundo', José Jorge de Carvalho, da UnB, Brasília
9h – Debate e interação
10h – Pausa
10h20min – Conferencia: "O que o capitalismo mudou no cristianismo. Felicidade e renúncia', Luiz Carlos Susin – PUC-RS, Porto Alegre
11h – Debate e interação
12h – Pausa para almoço
14h – Conferencia: 'Grupos e movimentos cristãos contra a globalização capitalista Autoritária', Michael Ramminger – ITP, Munster
14h30min – Debate e interação
15h30min – Pausa
16h – Conferencia: 'As chances da religião libertadora – teologia da libertação e as utopias político-religiosas dos excluídos', Nestor Miguez – Conicet, Buenos Aires
16h30min – Debate e interação
17h30min - Pausa
19h30min – Jantar
20h30min – Mesa-redonda final – 'As novas faces da religião'
05.06.2010 – Sábado: possibilidade de visita à região de Goiás Velho.
Local: Campus da UEG na Cidade de Goiás

Inscrições:
1) Preencher o formulário abaixo e enviá-lo para o endereço:
camiladiassis@hotmail.com
2) Pagar a taxa de inscrição de R$ 15,00 na Secretaria do Programa de Pos-
Graduação em Ciências da Religião: PUC Goiás, Área 2, Bloco A, 1º andar (ao lado da igreja), Praça Universitária, Setor Universitário, Goiânia.
3) Ou pagar a inscrição diretamente na recepção do evento, na Cidade de Goiás.
Não estão previstas sessões para Comunicações.

Outras informações:
Geyza Pereira – Secretaria do Programa de Pos-Graduacao em Ciências da Religião: Tel. 62 3946 1673 e pcr@pucgoias.edu.br
Camila di Assis – Secretaria do evento: Tel. 62 8175 3729
camiladiassis@hotmail.com
Prof. Alberto da Silva Moreira – Coordenador do evento:
alberto-moreira@uol.com.br
Hotéis próximos à UEG, na Cidade de Goiás:
Hotel Araguaia
Av. Deusdete de Moura, 8 - Telefone: 62 3371-1462. Preços: R$ 20,00 por pessoa. Disponibilidade: 8 quartos duplos e 4 triplos.
Pousada Buriti
Av. Deusdete Moura, 7.171 – Centro - Telefones: (62) 3371 3551, 9208 6786 ou 9906 9830. Preço: R$ 25,00 por pessoa. Disponibilidade: 5 quartos triplos e 3 duplos.
Centro Diocesano de Pastoral
Rua Dr. Joaquim Rodrigues s/nº - Tel: Fax: (62) 3371 2380.
E-mail: diocesedegoias@cultura.com.br
10 min. da UEG; Preços: R$ 35,00 por pessoa
Outros hotéis e informações sobre a Cidade de Goiás:
http://goiasvelho.tur.br/cidade-de-goias-velho/hoteis-hotel-fazenda-pousadas-ecologicasna-cidade-de-goias-velho.htm
http://www.guiadeonibus.com.br/hoteis.asp?Estado

 
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O fetiche de quantidade, por Renato Mezan (curriculo e produção científica = mercado acadêmico)


 
São Paulo, domingo, 09 de maio de 2010
 
 
 
 
 
O fetiche de quantidade
Metas de produtividade e burocracia acadêmica diminuem o potencial de pesquisas científicas

A criação de conhecimento não pode ser medida somente pelo número de trabalhos escritos pelos pesquisadores, como é a tendência atual no Brasil

RENATO MEZAN
COLUNISTA DA FOLHA
A cada tanto tempo, volta-se a discutir como deve ser avaliado o trabalho dos professores. O grande número de pessoas envolvidas nos diversos níveis de ensino, assim como o de artigos e livros que materializam resultados de pesquisa, tem determinado uma preferência por medidas quantitativas.
Se estas podem trazer informações úteis como dado parcial para comparar resultados de escolas em vestibulares ou o desempenho médio de alunos em determinada matéria, sua aplicação como único critério de "produtividade" na pós-graduação vem gerando -a meu ver, pelo menos- distorções bastante sérias.
Não é meu intuito recusar, em princípio, a avaliação externa, que considero útil e necessária. Gostaria apenas de lembrar que a criação de conhecimento não pode ser medida somente pelo número de trabalhos escritos pelos pesquisadores, como é a tendência atual no Brasil. Tampouco me parece correta a fetichização da forma "artigo em revista" em detrim ento de textos de maior fôlego, para cuja elaboração, às vezes, são necessários anos de trabalho paciente.
A mesma concepção tem conduzido ao encurtamento dos prazos para a defesa de dissertações e teses na área de humanas, com o que se torna difícil que exibam a qualidade de muitas das realizadas com mais vagar, que (também) por isso se tornaram referência nos campos respectivos.
O equívoco desse conjunto de posturas tornou-se, mais uma vez, sensível para mim ao ler dois livros que narram grandes aventuras do intelecto: "O Último Teorema de Fermat", de Simon Singh (ed. Record), e "O Homem Que Amava a China", de Simon Winchester (Companhia das Letras).
O leitor talvez objete que não se podem comparar as realizações de que tratam com o trabalho de pesquisadores iniciantes; lembro, porém, que os autores delas também começaram modestamente e que, se lhes tivessem sido impostas as condições que critico, provavelmente não teriam podido des envolver as capacidades que lhes permitiram chegar até onde chegaram.

Everest da matemática
O teorema de Fermat desafiou os matemáticos por mais de três séculos, até ser demonstrado em 1994 pelo britânico Andrew Wiles. O livro de Singh narra a história do problema, cujo fascínio consiste em ser compreensível para qualquer ginasiano e, ao mesmo tempo, ter uma solução extremamente complexa. Em resumo, trata-se de uma variante do teorema de Pitágoras: "Em todo triângulo retângulo, a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa", ou, em linguagem matemática, a2²=b2²+c2².
Lendo sobre esta expressão na "Aritmética" de Diofante (século 3º), o francês Pierre de Fermat (1601-65) -cuja especialidade era a teoria dos números e que, junto com Pascal, determinou as leis da probabilidade- teve a curiosidade de saber se a relação valia para outras potências: x3³= y3³ + z3, x4 = y4 + z4 e assim por diante . Não conseguindo encontrar nenhum trio de números que satisfizesse as condições da equação, formulou o teorema que acabou levando seu nome -"Não existem soluções inteiras para ela, se o valor de n for maior que 2"- e anotou na página do livro: "Encontrei uma demonstração maravilhosa para esta proposição, mas esta margem é estreita demais para que eu a possa escrever aqui".
Após a morte de Fermat, seu filho publicou uma edição da obra grega com as observações do pai. Como o problema parecia simples, os matemáticos lançaram-se à tarefa de o resolver -e descobriram que era muitíssimo complicado.
Singh conta como inúmeros deles fracassaram ao longo dos 300 anos seguintes; os avanços foram lentíssimos, um conseguindo provar que o teorema era válido para a potência 3, outro (cem anos depois) para 5 etc. O enigma resistia a todas as tentativas de demonstração e acabou sendo conhecido como "o monte Everest da matemática". É quase certo que Fermat se equivocou ao pensar que dispunha da prova, que exige conceitos e técnicas muito mais complexos que os disponíveis na sua época.
Quem a descobriu foi Andrew Wiles, e a história de como o fez é um forte argumento a favor da posição que defendo. O professor de Princeton [universidade americana] precisou de sete anos de cálculos e teve de criar pontes entre ramos inteiramente diferentes da disciplina, numa epopeia intelectual que Singh descreve com grande habilidade e clareza. Não é o caso de descrever aqui os passos que o levaram à vitória; quero ressaltar somente que, não tendo de apresentar projetos nem relatórios, publicando pouquíssimo durante sete anos e se retirando do "circuito interminável de reuniões científicas", Wiles pôde concentrar-se com exclusividade no que estava fazendo.
Por exemplo, passou um ano inteiro revisando tudo o que já se tentara desde o século 18 e outro tanto para dominar certas ferramentas matemáticas com as quais tinha pouca familiaridade, mas indispensáveis para a estratégia que decidiu seguir. Questionado por Singh sobre seu método de trabalho, Wiles respondeu: "É necessário ter concentração total. Depois, você para. Então parece ocorrer uma espécie de relaxamento, durante o qual, aparentemente, o inconsciente assume o controle. É aí que surgem as ideias novas".
Este processo é bem conhecido e costumo recomendá-lo a meus orientandos: absorver o máximo de informações e deixá-las "flutuar" até que apareça algum padrão, ou uma ligação entre coisas que aparentemente nada têm a ver uma com a outra. Uma variante da livre associação, em suma.
Ora, se está correndo contra o relógio, como o estudante pode se permitir isso? A chance de ter o "estalo de Vieira" é reduzida; o mais provável é que se conforme com as ideias já estabelecidas, o que obviamente diminui o potencial de inovação do seu trabalho.

Tarefa hercúlea
Outro exemplo de que o tempo de gestação de uma obra precisa ser respeitado é o de Joseph Needham (1900-95), cuja vida extraordinária ficamos conhecendo em "O Homem Que Amava a China".
Bioquímico de formação, apaixonou-se por uma estudante chinesa que fora a Cambridge [no Reino Unido] para se aperfeiçoar; ela lhe ensinou a língua e, à medida que se aprofundava no estudo da cultura chinesa, Needham foi se tomando de admiração pelas suas realizações científicas e tecnológicas.
Em 1943, o Ministério do Exterior britânico o enviou como diplomata à China, então parcialmente ocupada pelos japoneses. Sua missão era ajudar os acadêmicos a manter o ânimo e a prosseguir em suas pesquisas.
Para saber do que precisavam, viajou muito pelo país e entrou em contato com inúmeros cientistas; em seguida, mandava-lhes publicações científicas, reagentes, instrumentos e o que mais pudesse obter.
Nessxe périplo, Needham se deu conta de que -longe de terem se mantido à margem do desenvolvimento da civilização, como então se acreditava no Ocidente- os chineses tinham descoberto e inventado muito antes dos europeus uma enorme quantidade de coisas, tanto em áreas teóricas quanto no que se refere à vida prática (uma lista parcial cobre 12 páginas do livro de Winchester).
Formulou então o que se tornou conhecido como "a pergunta de Needham": se aquele povo tinha demonstrado tamanha criatividade, por que não foi entre eles, e sim na Europa, que a ciência moderna se desenvolveu?
A resposta envolvia provar que existiam condições para que isso pudesse ter acontecido, e depois elaborar hipóteses sobre por que não ocorreu. Daí a ideia de escrever um livro que mostrasse toda a inventividade dos chineses, tendo como base os textos recolhidos em suas viagens e as práticas que pudera observar.
Embora o projeto fosse ambicioso, a Cambridge University Press o aceitou, considerando que, uma v ez realizado, abrilhantaria ainda mais a reputação da universidade.
"Science and Civilization in China" [Ciência e Civilização na China] teria sete volumes, e Needham acreditava que poderia escrevê-lo "num prazo relativamente curto para uma obra acadêmica: dez anos".
Na verdade, tomou quatro vezes mais tempo, e, quando o autor morreu, em 1995, já contava 15 mil páginas. Empreendimento hercúleo, como se vê, que transformou radicalmente a percepção ocidental quanto ao papel da China na história da civilização.
O volume de trabalho envolvido era imenso: de saída, ler e classificar milhares de documentos sobre os mais variados assuntos; em seguida, organizar tudo de modo claro e persuasivo, e por fim apresentar algumas respostas à "pergunta de Needham". Várias pessoas o auxiliaram no percurso (em particular, sua amante chinesa), mas a concepção de base, e boa parte do texto final, se devem exclusivamente a ele.

Monumento
Needham não publicou uma linha de bioquímica durante os últimos 30 anos de sua carreira.
Tampouco tinha formação acadêmica em história das ideias -mas isso não o impediu de, com talento e disciplina, redigir uma das obras mais importantes do século 20.
Se tivesse sido atrapalhado por exigências burocráticas, se tivesse de orientar pós-graduandos, se a editora o pressionasse com prazos ou não o deixasse trabalhar em seu ritmo (o primeiro volume levou seis anos para ficar pronto), teria talvez escrito mais um livro interessante, mas não o monumento que nos legou.
O que estes exemplos nos ensinam é que um trabalho intelectual de grande alcance só pode ser feito em condições adequadas -e uma delas é a confiança dos que decidem (e manejam os cordões da bolsa) em quem se propõe a realizá-lo.
Tal confiança envolve não suspeitar que tempo longo signifique preguiça, admitir que pensar também é trabalho, que a verificação d e uma ideia-chave ou de uma referência central pode levar meses -e que nada disso tem importância frente ao resultado final.
Em tempo: um dos motivos encontrados por Needham para o estancamento da criatividade chinesa a partir de 1500 foi justamente a aversão de uma estrutura burocrática acomodada na certeza de sua própria sapiência a tudo que discrepasse dos padrões impostos.
Enquanto isso, na Europa (e depois na América do Norte) a inovação era valorizada, e o talento individual, recompensado. Nas palavras de um sinólogo citado no fim do livro, o resultado da atitude dos mandarins foi que "o incentivo se atrofiou, e a mediocridade tornou-se a norma". Seria uma pena que, em nome da produtividade medida em termos somente quantitativos, caíssemos no mesmo erro.

RENATO MEZAN é psicanalista e professor titular na Pontifícia Universidade Católica de SP. Escreve na seção "Autores", do Mais!.
 
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Bolsas na Fundacao Casa de Ruy Barbosa


A Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) lançou edital oferecendo bolsas de pesquisa, que variam da iniciação científica a bolsas para mestres, como parte de seu Programa de Incentivo à Produção do Conhecimento Técnico e Científico na Área da Cultura.

As inscrições vão até 24 de maio de 2010, valendo a data de expedição contida no carimbo da empresa prestadora do serviço de encomenda expressa (Sedex ou similar).

Acessar o site: http://www.casaruibarbosa.gov.br/template_01/default.asp?page=materia&VID_Secao=9&VNM_Secao=not%EDcias&VID_Materia=1729
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