Livro: "Elite branca" no Brasil

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010


"Elite branca" no Brasil

 Adelto Gonçalves (*)

      Em maio de 2006, quando uma organização criminosa nascida e comandada das penitenciárias dirigiu uma série de ataques a delegacias e bens públicos, causando várias vítimas e muitos prejuízos, o governador do Estado de São Paulo, Cláudio Lembo, atribuiu à insensibilidade de uma pretensa "elite branca" os atuais desníveis sociais que seriam a causa da onda de violência. Sem perspectivas na sociedade brasileira de hoje, os jovens nascidos e criados em favelas e periferias e "educados" numa escola pública em frangalhos não teriam outra opção a não ser engrossar os exércitos da criminalidade. 

Partindo de um antigo professor de Direito de duas das mais tradicionais universidades privadas de São Paulo, a Pontifícia Universidade Católica e a presbiteriana Mackenzie, a análise não surpreendeu por sua percuciência. De fato, as elites brasileiras — com paulistas à frente —  estão entre as mais predatórias do mundo, "com uma história muito amarga de cerceamento de pessoas". Com sua insensibilidade, essa elite — que é só elite, sem qualquer adjetivo — muito têm contribuído para agravar as distorções que tornam a sociedade brasileira uma das mais desiguais e injustas da face da Terra.

O chamamento à realidade do governador — de ascendência italiana —, portanto, soou como um alarme, uma advertência de que algo precisa ser feito para diminuir as disparidades de renda, sob o risco de o País virar um Haiti, única nação, aliás, que, nas Américas, vem conseguindo crescer menos que o Brasil.

Chamar essa elite de "branca" é que não está certo. É desconhecer a história do Estado. Quem já revirou os papéis do Arquivo do Estado ou mesmo leu os extensos volumes que reproduzem grande parte desses documentos dos séculos XVII e XVIII sabe que o paulista, aquele homem que se atirava aos sertões para aprisionar e, em muitos casos, degolar índios e, depois, atrás de ouro, prata e pedras preciosas, arrastando assim em direção ao Pacífico a imaginária fronteira estabelecida com Castela no Tratado de Tordesilhas, nada tinha de branco. Era, isso sim, um homem de pele escura, de feições indígenas, assim como os bolivianos e os paraguaios de hoje.

E o sangue português? Claro, corria nas veias daqueles homens, que viviam em pequenos povoados de Serra acima ou mesmo em São Vicente em terras de marinha, mas misturado a muito sangue indígena. Afinal, nos navios que traziam portugueses para a América não vinham mulheres. Até entre os nobres nomeados governadores foram raros aqueles que trouxeram família. Portanto, as mulheres disponíveis na terra eram as índias e, depois, as africanas e as miscigenadas.

Foi dessa gente de sangue português cruzado com sangue indígena e africano que nasceu a elite paulista. À custa de escravizar indígenas, conquistar e semear a terra e buscar o ouro, alguns deles chegaram a potentados, viraram régulos que andavam com 200 e tantos índios e negros armados e montados. Eram considerados homens bons, expressão da época que designava quem detinha poder econômico, mas não fidalgos: as atividades que desempenhavam eram incompatíveis com a fidalguia, ainda que um historiador paulista do século XVIII, Pedro Taques de Almeida Pais Leme, tenha procurado dourar brasões imaginários de seus antepassados.

Basta ver que o paulista Bartolomeu Bueno da Silva, descobridor e guarda-mor das minas de Goiás, havia sido açougueiro e um Pais Leme, ascendente do historiador, carpinteiro. Eram, sim, gente xucra, que não raro despertava o riso dos fidalgos nomeados governadores — geralmente, pessoas que conheciam outros idiomas —, mas só dos governadores e de mais um ou outro letrado porque a maioria dos que chegavam do Reino também era formada por pobres analfabetos. Quase sempre eram lavradores que fugiam da crise nos campos do Norte de Portugal ou, então, gente que negociava alguns anos de prisão no Limoeiro pela aventura ultramarina.

Quem duvidar de que a elite brasileira nunca foi branca que vá ao Museu da República no Rio de Janeiro e veja os quadros que retratam os primeiros presidentes e seus ministros. Ou, então, que observe os quadros que mostram os ministros de D.Pedro II. Quantos daqueles pró-homens seriam considerados brancos na Europa?

A que vêm estas considerações que já vão longe? Vêm a propósito do livro As trapaças da sorte, da historiadora Isabel Lustosa,  pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, especialmente do ensaio "Negro humor: a imagem do negro na tradição cultural brasileira", em que a cientista política mostra o preconceito racial que marca a tradição humorística brasileira.

Apesar do preconceito racial que sempre grassou por toda a sociedade brasileira, lembra a historiadora que alguns homens de origens africanas chegaram a ocupar a cadeira da presidência da República. Isabel Lustosa observa que Campos Sales, fazendeiro paulista que governou o País do final de 1898 ao final de 1902, era chamado de "branco de segunda" e "sepulcro caiado de raças tidas por inferiores" por José do Patrocínio, um dos patronos da abolição dos escravos em 1888.

Segundo Patrocínio, seria fácil, a um simples olhar, descobrir em Campos Sales "a testa do moçambique" e os "quadris do cabinda" e no "chorado de sua voz o algarvio que serviu de veículo às outras raças".  Patrocínio, filho de padre e de escrava lavadeira, dizia isso a propósito de uma velada intenção do governo de excluir marinheiros negros e mulatos da escolta que acompanharia Campos Sales em visita à Argentina em 1900. Para ele, se fosse para fazer essa discriminação, seria preciso começar pelo presidente da República.

Isabel Lustosa lembra ainda que o presidente Nilo Peçanha, que governou o País de junho de 1909 a novembro de 1910, era homem de traços marcadamente negros, o que motivou à época caricaturas e anedotas na imprensa que ligavam seu nome ao continente africano e, conseqüentemente, às suas origens.

Embora nunca tenha sido branca, a verdade é que a elite brasileira, até hoje, sempre procurou se passar por tal, como a recente intervenção do governador Lembo mostra. Isso se refletiu na imprensa e na produção cultural em que o negro sempre apareceu inferiorizado, o que só começou a mudar com a valorização de sua imagem social a partir da década de 1950, com a vitória da seleção brasileira de futebol no Mundial da Suécia em 1958 e algumas manifestações culturais, notadamente pela música.

Negros e mulatos combativos e contestadores, como Patrocínio e Lima Barreto, sempre foram tidos como fenômenos isolados, quase aberrações da natureza. Outros, como Castro Alves e Machado de Assis — que nunca levou a questão da cor para os seus romances e contos — conseguiram se tornar quase invisíveis, a ponto de se passarem por brancos como Campos Sales e Nilo Peçanha.

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AS TRAPAÇAS DA SORTE: ENSAIOS DE HISTÓRIA POLÍTICA E DE HISTÓRIA CULTURAL, de Isabel Lustosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 314 págs., 2004. E-mail: editora@ufmg.br

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(*) Adelto Gonçalves é doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002) e Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003). E-mail: adelto@unisanta.br

                                                            

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HISTÓRIA DO BRASIL: VASTO CAMPO DE PESQUISAS E OPORTUNIDADES


Revista Historiador. Número 02. Ano 02. Dezembro de 2009

Disponível em: http://www.historialivre.com/revistahistoriador

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HISTÓRIA DO BRASIL: VASTO CAMPO DE PESQUISAS E OPORTUNIDADES

 

Em sua segunda edição, a REVISTA HISTORIADOR traz um conjunto de artigos sob

o tema "História do Brasil" que explicita a crescente demanda e interesse pela história

brasileira, seja por parte de pesquisadores e historiadores, do próprio público leitor (e

editoras), ou mesmo do público externo. A iniciativa desse grupo de jovens historiadores –

graduandos e pós-graduandos – vislumbra tal empenho pelos temas brasileiros (desde a

História colonial até o Tempo Presente), concretizado nessa publicação.

O crescente interesse pelos assuntos brasileiros pode ser entendido como reflexo do

momento político do país: as duas décadas da Nova República trazem à tona a construção

da estabilidade política brasileira (seja pela prática democrática, seja pela solidificação das

instituições), notadamente nos governos dos Presidentes Fernando Henrique Cardoso e

Luis Inácio Lula da Silva. Adicionalmente, o estudo e a pesquisa dos períodos anteriores,

complementarmente, se tornam cada vez mais vitais no processo de entendimento da

realidade brasileira do século XXI.

Um bom exemplo dessa demanda é a nova geração de historiadores (conhecidos

como brasilianistas) que tem surgido nos Estados Unidos a partir da nossa

redemocratização (principalmente nomes como Todd Diacone e Bryan McCann). Porém,

esse novo grupo de intelectuais norte-americanos interessados em entender o Brasil não se

envolve em questões macro, como fizeram seus antecessores nas décadas de 1960 e 1970,

como Thomas Skidmore e Alfred Stepan, mas em estudos de áreas bastante específicas.

Essa nova onda de interesse pelo Brasil notada em instituições de ensino também se

concretiza com a criação de Cátedras e Centros de Estudos Brasileiros, como nas

Universidades de Illinois (Estados Unidos), Leiden (Holanda), Oxford (Inglaterra) e a criação

da Fundação Cultural Hispano-Brasileira, na Universidade de Salamanca (Espanha).

Segundo estimativa da Associação de Estudos Brasileiros (BRASA), existe atualmente 15

desses centros especializados em Brasil nos EUA e na Europa, além de o país ser o foco

também em outros centros de pesquisas dedicados à América Latina.

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Por aqui, nota-se um sensível aprofundamento das pesquisas referentes aos agentes

envolvidos no desenvolvimento político-econômico (e mesmo social) do Brasil. Assim, nessa

edição – em linha cronológica – Gabriele Rodrigues de Moura (A representação em

Conquista Espiritual sobre a invasão e a destruição da Província do Tape) apresenta um

breve histórico sobre as primeiras Missões na Província do Tape (que hoje forma o atual

Estado do Rio Grande do Sul), pertencente à Província Jesuítica do Paraguai (entre os anos

de 1626 e 1638). O estudo volta-se especificamente para as representações presentes no

livro Conquista Espiritual, do jesuíta Antônio Ruiz de Montoya, escrito durante sua estada na

Corte de Madrid.

Daniel Oliveira, no trabalho intitulado "Doença ou Estigma social? Enfermos venéreos

em hospitais de Porto Alegre no final do século XIX" identifica – social e historicamente – o

perfil dos enfermos acometidos por doenças venéreas que receberam assistência médica na

Santa Casa de Misericórdia e no Hospital da Sociedade de Beneficência Portuguesa, ambos

de Porto Alegre, durante os anos de 1881 a 1892. A realização da pesquisa através de

análise quantitativa (informações transcritas de livros de entradas nas enfermarias) é rica no

sentido de contextualização e análise de como as doenças venéreas e os seus enfermos se

inseriam na sociedade porto-alegrense daquele período, considerando assim, diversos

aspectos daquela sociedade, como o pensamento social/científico da época, as

transformações sociais que se desenvolviam e o período de fim da escravatura,

industrialização inicial, aumento populacional e conseqüente urbanização e a origem dos

cortiços na cidade.

O artigo apresentado por Fábio Bastos Rufino (História, Direito e Política: Arnaldo

Süssekind e a consolidação das Leis do Trabalho no Brasil – um olhar retrospectivo)

analisa, a partir de fonte oral – entrevistas realizadas com o magistrado Arnaldo Süssekind –

, o processo de criação e constituição da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) no

Brasil, com o objetivo de identificar no sujeito histórico elementos da Cultura Política do

Estado Novo.

Em "Economia e Política: Reflexões sobre os Governos Vargas, JK e João Goulart",

de Fernanda Melchionna e Silva e Marcus Vinicius Martins Vianna discute as características

do processo de industrialização brasileiro, do segundo governo de Getulio Vargas, passando

por Juscelino Kubitscheck e chegando em João Goulart, traçando um paralelo entre as

políticas desenvolvimentistas, as forças políticas envolvidas e a atuação do movimento de

trabalhadores em cada época.

Visão essa que é complementada por Débora Specht, Maria Helena Marin e Priscila

Farias dos Santos, em "Bens Duráveis: a industrialização no Brasil no período Juscelino

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Kubitschek (1956-1960)", ao analisar a política econômica do governo Juscelino Kubitschek

– desde a implantação do Plano de Metas até seus resultados a curto prazo – ponderando

sobre a intensa industrialização do período (principalmente de bens duráveis e de

automóveis), com a entrada maciça de capital estrangeiro.

Como conseqüência direta desse processo de industrialização, a urbanização

brasileira teve um salto nas décadas de 1950 e 1960: nesse sentido, o artigo "A Vila do IAPI

no contexto de urbanização e industrialização", de Cleusa Terezinha Azambuja da Silva,

Cristina Didonet Nery Tavares da Cunha Mello e Laura Regina do Canto Leal apresenta tal

desenvolvimento urbano na cidade de Porto Alegre, tendo como foco o Conjunto

Residencial Vila do IAPI, dentro do bairro Passo d' Areia (como início do processo de

urbanização da várzea do Gravataí - parte da Zona Norte da capital gaúcha). O projeto

inovador era baseado nos moldes das cidades-jardins européias para operários, onde os

conjuntos habitacionais tinham espaços específicos para casas, jardins e áreas verdes, com

poucos traços geométricos, diferenciando-se do estilo modernista adotado em outros

projetos.

Dois artigos trazem reflexões sobre agentes diretamente envolvidos no período da

Ditadura Militar: Priscila Farias dos Santos, em "A participação dos Freis Dominicanos no

Regime Militar Brasileiro" analisa a participação de um grupo de freis da Ordem dos

Dominicanos, na oposição ao Regime Militar, salientando que a atuação política e social dos

dominicanos no Brasil não se deu apenas a partir do golpe de 1964; na verdade, muitos de

seus membros eram oriundos de grupos da Ação Católica, criados ao final da década de

1940, onde já se podia observar o início da divisão no catolicismo brasileiro. Dentro da

esquerda católica brasileira, esses frades podem ser vistos como uma dissidência, pois

foram os únicos ligados diretamente à Igreja Católica que se envolveram com um

movimento guerrilheiro. Em complemento a essa discussão, o artigo de Giovana Inácio dos

Santos, Josiel Eilers Goulart e Marcos Emílio Ekman Faber (Teologia da Libertação:

resistência intelectual nos anos de chumbo) considera o surgimento e o desenvolvimento da

Teologia da Libertação no Brasil e a forma com que esta se desenvolveu na sociedade

brasileira, através das Comunidades Eclesiásticas de Base. Segue-se uma breve discussão

acerca do surgimento da Teologia da Libertação não como simples teoria, mas como uma

teoria orientada para a prática, fazendo uma análise histórica e social da realidade em que a

comunidade está inserida, porém, sem abandonar seu caráter cristocêntrico.

Na contemporaneidade, Alexandre Prinzler Karpowicz analisa o discurso midiático a

partir de uma série de matérias do Jornal Zero Hora, denominada "O X da educação", sobre

o modo como ocorrem os processos educacionais de alfabetização no interior das escolas

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do Movimento Sem Terra, no artigo "Problematizando os discursos da mídia eletrônica

(jornal) a respeito do mito de uma educação para o conflito na pedagogia do Movimento dos

Trabalhadores Sem Terra – MST". O autor discorre sobre os discursos formadores de

opinião sobre a pedagogia das escolas do MST, a partir de Michel Foucault não como

conjunto de signos (ideias, opiniões), mas como práticas que formam sistematicamente os

objetos de que falam e o autor questiona: por que analisar a dimensão histórica de um

movimento social?

Seguindo a linha de análise a partir dos Estudos Culturais em Educação e dos

estudos também desenvolvidos por Michel Foucault, o artigo de Fabio Ricardo Bastos

Gomes (Práticas discursivas de um "estrangeiro" na educação: problematizando os

discursos de Gustavo Ioschpe veiculados na revista VEJA e no Jornal Zero Hora),

problematiza o espaço concedido aos profissionais das mais diversas áreas do

conhecimento para explicitarem suas opiniões sobre a educação no país, prescrevendo

possíveis soluções para a resolução dos problemas. Para tanto, através da análise textual,

define como foco de investigação as práticas discursivas produzidas pelo economista

Gustavo Ioschpe sobre a educação brasileira presentes em suas colunas na revista VEJA e

no jornal Zero Hora, veiculadas em sua versão eletrônica, como produtoras de regimes de

verdades pedagógicas que apontam como causa da dita crise do ensino à formação

acadêmica dos professores.

No artigo "O processo de formação das atitudes políticas dos jovens da Assembléia de

Deus em Porto Alegre/RS", André Luis dos Santos trabalha com os efeitos do dogma

religioso no processo de socialização política dos jovens da Igreja Assembléia de Deus em

Porto Alegre. Para tanto, o autor parte da premissa de que a práxis discursiva de algumas

denominações evangélicas mais ortodoxas (do ponto de vista do controle social exercido

sobre o conjunto dos adeptos), possa influir diretamente no processo de socialização política

dos jovens que freqüentam mais assiduamente os templos e atividades afins. A hipótese é

de que quanto mais elevado for o dogmatismo, maior será a probabilidade de

desenvolvimento de uma personalidade orientada para a desvalorização da política. A

própria Teologia da Prosperidade é analisada a partir do dito tom de convencimento que

introduz (necessário para transformar o fenômeno da conversão evangélica, no Brasil, nas

últimas décadas), assim como a introdução de representantes da maioria dessas

denominações na esfera política.

Por fim, numa análise profunda sobre a educação patrimonial e o uso da cultura

material dos museus no interior do Rio Grande do Sul, Carlos Augusto Trojaner de Sá

apresenta o artigo "A cultura material na cidade de Nova Petrópolis: educação patrimonial

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nos museus", com a análise de como os museus de Nova Petrópolis envolvem a sociedade

com a temática da imigração alemã, fazendo uma relação muito significativa entre a cultura

material e a educação patrimonial. O resultado disso é uma construção do conhecimento

através dos museus e a relação de como estão sendo abordados (e vinculados) os objetos

dos primeiros pioneiros alemães (cultura material) com a educação patrimonial realizada nos

museus dessa cidade.

Assim, a leitura desses artigos possibilita a percepção da importância da História do

Brasil e dimensiona o quão valorosa é a presente iniciativa no sentido de incentivar os

graduandos e pós-graduandos às pesquisas e publicações, não somente como forma de

qualificar sua inserção no mercado de trabalho, mas também como possibilidade de

aprofundamento das mesmas, em níveis de strictu sensu (Programas de Mestrado e

Doutorado).´

 

Kamilla R. Rizzi

Licenciada em História e Mestre em Relações Internacionais/UFRGS e Doutoranda em Ciência Política no

IFCH/UFRGS. Professora convidada do curso de Especialização Lato Sensu

em História do Brasil Contemporâneo da FAPA e Professora licenciada de Relações Internacionais da FAACS.

                                                     

 

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Revista Galileu: O lado B da história do Brasil


O lado B da história do Brasil
Copyright © 2009 - Editora Globo S/A
Zumbi foi um senhor de escravos? Os portugueses ensinaram os índios a preservar a floresta? Um livro que acaba de ser publicado pretende virar de ponta-cabeça a história verde-e-amarela. Preparado?
por Fábio Marton
Santos Dumont não inventou o avião. Os índios foram conquistados pelos portugueses porque quiseram. Zumbi dos Palmares não era um herói. Era um dono de escravos. É assim que a história do Brasil deveria ser ensinada segundo o jornalista Leandro Narloch. Ele abre seu "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" (Editora Leya) com um manifesto pedindo por uma novela sem mocinhos, menos maniqueísta, onde não seja tão fácil enxergar sempre um coitadinho de um lado, um vilão de outro. Uma história, enfim, menos politicamente correta.
Galileu teve acesso exclusivo aos originais do livro, selecionou alguns capítulos e convidou especialistas para comentar e rebater. Houve quem simplesmente preferisse atirar o livro pela janela. Nada mal. É uma obra feita para criar polêmica, gerar debate, arranhar certezas. Amparado em três anos de pesquisas e na consulta de mais de uma centena de dissertações, livros e especialistas, o escritor abriu a porta para trabalhos mais recentes, que revisam muito do que você foi levado a acreditar sobre a formação da nação. Nas páginas a seguir, conheça o lado B do Brasil.

1 >> ZUMBI, SENHOR DE ESCRAVOS

O QUE VOCÊ APRENDEU NA ESCOLA: Zumbi dos Palmares conduziu uma das revoltas de escravos mais importantes da América, tornando-o um herói tão grande que merece que o Dia da Consciência Negra seja celebrado no aniversário de sua morte, a 20 de novembro de 1695. Instituição das mais execráveis da História, a escravidão era constituída de brancos colocando negros em navios e vendendo-os a outros brancos.

Segundo o Guia, não é bem assim porque, instituição das mais execráveis da história, a escravidão contou com a colaboração dos negros. As coisas não são tão convenientemente em preto-e-branco quanto a militância política ou as novelas de época fazem parecer. Como acontecia na América, os escravos eram fruto das guerras entre clãs, tribos e nações africanas.

E as relações com esses senhores de escravos iam muito além do mero contato comercial. Nobres escravocratas africanos acabavam exilados ou vinham estudar no Brasil. O rei nigeriano Kosoko, por exemplo, mandou três de seus filhos em viagem à Bahia - eles voltaram em 1850 rebatizados como Lourenço, Simplício e Camilo. Esses "empresários", enriquecidos em seus negócios com os europeus, lutaram contra o fim da escravidão ao longo do século 19.

Ainda que evidentemente cada escravo detestasse a própria escravidão, dificilmente viam problemas na escravidão dos outros. Um certo Zé Alfaiate, por exemplo, foi alforriado no Brasil em 1830 e se tornou um célebre traficante na África anos seguintes. E isso não era uma exceção. "No vilarejo de São Gonçalo dos Campos, pardos e negros alforriados tinham 29,8% de todos os cativos. Em Santiago do Iguape, 46,5% dos escravos eram propriedade de negros, que, diante dos brancos, eram minoria da população livre", diz o Guia.

Ninguém encarnou melhor essa dubiedade que o próprio quilombo dos Palmares e seu líder. Zumbi foi executado por resistir à aniquilação pelos portugueses em 1694. Palmares era terra de bravos, mas estava longe de ser um enclave de liberdade moderna num mundo de escravidão colonial. Era mais uma vila africana como aquelas onde os traficantes compravam sua carga. Sim, a sociedade de Palmares tinha escravos negros - quando faziam uma incursão para atacar uma fazenda, os cativos não eram libertados, eram capturados para servir ao quilombo. Apenas ex-escravos que chegassem lá por seus próprios meios eram mantidos livres - mas não podiam ir embora, ou seriam perseguidos por capitães-do-mato do próprio quilombo.

Isso em hipótese alguma livra os europeus da culpa de terem comprado e lucrado com o tráfico humano, mas a escravidão não foi inventada por eles. O que os europeus inventaram foi o abolicionismo, na Inglaterra, e contra seus interesses econômicos. "Em 2007, completaram-se 200 anos da proibição do tráfico de escravos, a primeira vitória da campanha abolicionista da Inglaterra. Nenhum país da África ou movimento negro da América prestou homenagens ou agradecimentos aos ingleses", afirma Narloch.

O LIVRO ERRA PORQUE... Bem, a gente não descobriu por quê. A revista convidou Maria Cristina Wissenbach, autora do livro Sonhos Africanos, Vivências Ladinas: Escravos e Forros em São Paulo (Hucitec). Enviamos o material bruto com antecedência e abrimos espaço para a réplica se estender ao nosso site. A resposta veio, dias depois: "Não quero opinar. É um livro incompleto e esquisito".


2 >> ÍNDIO QUER CIGARRO

O QUE VOCÊ APRENDEU NA ESCOLA: os índios viviam em harmonia com a natureza até a chegada dos portugueses. Os europeus os engabelaram em negócios esdrúxulos. Depois, fizeram-nos de escravos e, quando não os matavam a tiro de arcabuz, exterminavam os coitados com um espirro: transmitindo gripes que o organismo indígena não estava pronto para combater.

Segundo o Guia, não é bem assim porque os índios estavam em maioria. E os portugueses, se tinham armas mais sofisticadas do que o arco e a flecha, não carregavam exatamente fuzis, caças F16 e metralhadoras. Ou seja, para evitar um banho de sangue, a tática foi ficar na moita, forjando alianças e aprendendo como se virar naquele matagal. Aliás, os índios apreciavam especialmente o apoio português em uma de suas atividades favoritas - guerrear com outros índios.

"Cogita-se até que o modelo militar das bandeiras seja resultado mais da influência indígena que europeia", diz Narloch. Os próprios bandeirantes ditos "paulistas" eram mestiços de primeira geração, falantes de tupi, com parentes próximos criados em aldeias. "Por todo o País, índios foram para as cidades e passaram a trabalhar na construção de pontes, estradas, como marceneiros, carpinteiros, músicos, vendendo chapéus, plantando hortaliças, cortando árvores - e até caçando negros fugitivos."

Quanto às doenças, é verdade que elas foram a pior das tragédias. Gripe, sarampo e outras pragas que mal tocavam os portugueses destroçaram os nativos. Mas seria injusto acusar os europeus. No limite, foi uma fatalidade biológica. Quando se manifestaram a respeito das mortes por doenças entre os locais, os estrangeiros se demonstravam consternados - afinal, eram seus aliados ou convertidos que estavam morrendo. E quer saber? Os invasores levaram de brinde para a Europa a sífilis e o tabaco. O que mais?

Sim, os índios também eram ecologicamente incorretos. "Antes de os portugueses chegarem, eles já haviam extinguido muitas espécies e feito um belo estrago nas florestas brasileiras", afirma o Guia, lembrando dos métodos de caça e plantação que, invariavelmente, envolviam tocar fogo no mato. Com a chegada do machado, finalmente puderam derrubar uma árvore de cada vez.

Para completar, mesmo antes do descobrimento, em 1500, os portugueses já tinham seus ensaios de leis ambientais, na forma de proibições de corte de árvores frutíferas e, mais tarde, em 1605, cotas no corte de pau-brasil. Conclusão? "O português ensinou o índio a preservar a floresta."

O LIVRO ERRA PORQUE... "não há como concordar com a fundamentação do texto. Os índios são descritos como assassinos de modo radicalmente errôneo e estereotipado. Esses documentos parecem elaborados por indivíduos que desconhecem a realidade histórica. Os povos indígenas foram martirizados, mortos e violentados desde o início. E esse processo segue até hoje. O Brasil não foi conquistado ou descoberto: ele foi invadido. Os índios viviam e vivem em harmonia com a natureza. Prova disso são as áreas em que habitam, com a natureza mais conservada do que regiões em torno. Os povos das florestas nunca precisaram de agentes de fora para ensinar a cuidar das suas casas, de seu lar". Sarlene, indígena da etnia Makuxi, membro do conselho indígena de Roraima-CIR, mestranda em ciências sociais - PUCSP


3 >> SANTOS DUMONT, O PAI DA EMBROMAÇÃO

O QUE VOCÊ APRENDEU NA ESCOLA: apesar de ser reconhecido apenas em poucos países - na prática, só no Brasil -, Santos Dumont é o verdadeiro inventor do avião. Seu 14-Bis conseguiu realizar voos curtos mas bem-sucedidos em 1906. Os irmãos americanos Orville e Wilbur Wright não têm provas de ter voado entre 1903 e 1905, como afirmaram, e seu avião decolava de uma catapulta, não saia do solo. Ou seja, uma falsa aeronave.

O Guia defende que não é bem assim porque o Brasil já está grandinho o suficiente para ouvir: os irmãos Wright inventaram o avião. Sem panos quentes, sem meio-termo. Inventaram e pronto. O 14 Bis pode ter sido um dos últimos protótipos de aeronave, mas o Flyer, dos americanos, certamente é o primeiro avião. O modelo de Alberto Santos Dumont foi capaz de voar 220 metros de distância, a 6 metros de altura, em linha reta. O Flyer subia, descia, manobrava e ia para onde o piloto quisesse. Isto é, uma máquina perfeitamente funcional para a prática do voo.

Em 12 de novembro de 1906, o aparelho experimental 14-Bis percorreu os tais 220 metros em uma exibição no campo de Bagatelle, em Paris. Pelo feito, o brasileiro ganhou 1.500 francos do Aeroclube Francês. O que não contaram a você é que o Grande Prêmio ali eram 50 mil francos, e essa grana iria para quem conseguisse voar um quilômetro. Dumont levou um prêmio menor. No ano seguinte, ele acabaria se acidentando com o 14-Bis e desistindo do projeto.

A vida do mineiro nascido em Palmira mudaria para sempre por algo que ele fez questão de perder em 8 de agosto de 1908, em Le Mans. Foi quando os irmãos Wright se apresentaram na Europa, deixando os franceses de joelhos. O primeiro voo durou apenas 1 minuto e 45 segundos, mas a capacidade do Flyer de voar de verdade ofuscou imediatamente a fama de Dumont. Até o fim de suas apresentações, em dezembro do mesmo ano, os Wright voariam 2 horas e 18 minutos com seu avião. Isso numa época em que os franceses ainda achavam que havia motivo para premiar voos de 30 segundos, como os do 14-Bis.

"Em todo o mundo (com exceção do Brasil), a polêmica sobre o pioneirismo do avião acabou ali. Em 1908, os Wright mostraram que a criação do avião tinha ultrapassado a fase de testes e façanhas extraordinárias. O avião já era uma realidade, bastava apenas alcançar a produção industrial", escreve o autor.

Diferentemente do que é comum ouvir no Brasil, há fortíssimas provas - e o livro aponta para elas - de que os irmãos Wright disseram a verdade ao afirmar que voavam desde 1903. Aliás, essas teorias da conspiração antiWright, que não são reconhecidas em nenhum país do mundo cujo nome não comece por "Bra" e termine por "sil", foram criadas por Santos Dumont em pessoa. Uma delas é a de que o voo de 100 quilômetros do Flyer não conta porque ele decolava de catapultas e deslizava sobre trilhos. Mas, segundo o livro, o Flyer podia decolar sem essas muletas externas. Os Wright fizeram isso em 1908, quando questionados pelos franceses. Eles apenas não viam função prática em rodas, que aumentavam o peso da máquina.

Ainda assim, mesmo se você aceitasse que os Wright fizeram um avião funcional se materializar no ar em 1908, restaria dizer que o Flyer voava 100 quilômetros para onde quisesse, contra 220 metros em linha reta e rente ao chão do 14-Bis. Não existe qualquer possibilidade de comparação. E o fato de Dumont ser brasileiro não vai mudar isso.

O LIVRO ERRA PORQUE... Galileu procurou quatro dos principais especialistas sobre o aviador para comentarem os trechos. Dois não se pronunciaram, um pediu para não participar e o quarto, sob a garantia de que não publicássemos o seu nome, justificou sua posição: "O material está abaixo da crítica. Há muitos erros e para enumerá-los eu precisaria de um tempo que eu não disponho. Não é necessário ouvir especialistas em Santos Dumont. Esse texto não sobrevive a uma simples pesquisa no Google..."


4 >> ALALAÔ, SIG HEIL

O QUE VOCÊ APRENDEU NA ESCOLA: o samba é a maior manifestação musical do povo brasileiro, tempo de alegria e liberdade. E o Carnaval, o grande momento de exibição de nossa criatividade para o mundo, oferece uma cachoeira de serpentina e de razões para o orgulho nacional.

Segundo o Guia, não é bem assim porque, a partir dos anos 30, o Carnaval tornou-se chapa-branca, e isso é o contrário do que deveria e costumava ser. Na Europa (e no Brasil de antigamente), a festa da carne é (era) a época das inversões. Quando homens vestem-se de mulher, pobres de rico, e "procissões" são comandadas por falsos padres, como o Rei Momo. A festa, chamada "entrudo", incluía guerrinha de água e farinha e outras brincadeiras anárquicas, como ainda ocorre no interior do Nordeste. Nos anos 30, no entanto, surgiu essa aberração de cunho fascista conhecida por "desfile de escolas de samba". Você leu certo: fascista. Falamos, afinal, de Getúlio Vargas (1882-1954), o ex-presidente do Brasil que copiou muitas coisas do ditador italiano Benito Mussolini (1883-1945).

"Como seria o carnaval organizado por Mussolini? Imagino que não haveria personagens trocados ou guerrinhas d'água. Como em um desfile patriótico, os carnavalescos marchariam em linha reta. Passariam diante das autoridades e de jurados, que avaliariam a disciplina, o figurino e a média de acertos dos grupos, dando notas até dez. A organização do Carnaval permitiria apenas músicas edificantes e patrióticas. Para ressaltar a pátria e deixar de fora a influência estrangeira, a melodia só poderia ser executada por instrumentos considerados da cultura nacional."

Durante o Estado Novo (1937-1945), tornou-se obrigatório que as letras dos sambas falassem do Brasil e foram banidos os instrumentos de sopro. Isto é, longe de ser uma manifestação espontânea do povo, o samba-enredo e o desfile das escolas de samba são decisões de um estado fascista. Os sambistas pré-Vargas não eram nacionalistas. Usavam instrumentos de sopro e piano, sabiam ler partitura, vestiam-se com bons ternos, tocavam estilos internacionais sem qualquer esforço e não faziam a mínima questão de parecerem folclóricos - o primeiro samba gravado, "Pelo Telefone" (1916, de Donga e Mauro de Almeida), fala de tecnologia, afinal.

Durante os anos 20, surgiu uma patrulha ideológica que condenava os músicos que se aproximavam muito do jazz, da qual gente do quilate de Pixinguinha foi vítima. O resultado foi um samba menos "europeu", mais percussivo, com letras verde-e-amarelistas. Você pode gostar ou não do novo estilo, mas dizer que ele é "legítimo", "do povo", não é adequado. O samba, como acabou virando, é mais invenção do governo - e dos intelectuais antiamericanos e antieuropeus - que da colombina e do pierrô.

O LIVRO ERRA PORQUE... "não há dúvida de que o autor, com apuro e pesquisa, mergulhou em fontes sedutoras para produzir o seu texto. Mas 'nem tudo que reluz é ouro'. Ou seja, o desenvolvimento e as sequências + consequências da MPB são bem mais complexas do que, por vezes, o excesso de deduções puramente metafísicas, estribadas em argumentações sociológicas pinçadas de autores aleatórios. Reitero minha crença de que a música do povo e seus personagens são, ao menos em seu período de formação (1860-1960), simples e fluentes como a água que desce com o rio, misturando-se ao que encontra em seu caminho - as impurezas - com a naturalidade e singeleza do cotidiano. Ricardo Cravo Albin, musicólogo e autor do Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira.


5 >> ACRE, O ESTADO QUE NINGUÉM QUIS


VOCÊ APRENDEU NA ESCOLA QUE: o Acre é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Fica na região Norte, faz fronteira com Amazonas, Rondônia, Bolívia e Peru. Sua capital é Rio Branco.

Segundo o Guia, não é exatamente assim porque, se dependesse do Brasil, ficaríamos mais do que satisfeitos em fechar o mapa em 26 unidades federativas. Sim, o Brasil nunca quis o Acre. O Acre é que esperneou até virar brasileiro. Em 1867, o governo federal demarcou a região garantindo o Acre para a Bolívia, no Tratado de Ayacucho. Com a falta de interesse dos nossos vizinhos na região, a partir de 1879, brasileiros começaram a migrar para lá, já que suas terras eram ricas num recurso que estava fazendo a fortuna do estado do Amazonas: a borracha. Nossos antepassados entraram em conflito com a autoridade boliviana e causaram uma crise diplomática. Em 1898, o governo brasileiro reafirmou, assinado um novo tratado, que o Acre era da Bolívia. E tudo ficaria por isso mesmo não fossem gente como o espanhol Luis Gálvez Rodríguez de Arias e o gaúcho José Plácido de Castro insistirem que o Acre era do Brasil. Em 1899, Gálvez fundou a República do Acre. Os próprios brasileiros dissolveram a república no ano seguinte, e imediatamente a devolveram à Bolívia. Em 1902, no entanto, o militar gaúcho José Plácido de Castro começou a atacar os bolivianos por conta própria, quase causando uma guerra. Enfim, em 1903, depois de tentar devolvê-lo três vezes, o Brasil optou por resolver a situação comprando o Acre - os nossos vizinhos, fartos da situação, acharam um grande negócio. E foi mesmo. A preços reajustados, o Brasil pagou US$ 230 milhões. O Acre, no entanto, é um estado deficitário, que recebe mais investimentos da União do que retorna em impostos. Segundo os cálculos do Guia, são R$ 28 bilhões perdidos pelo governo brasileiro no Acre desde sua aquisição. Mais que o investimento na Olimpíada do Rio 2016, orçada em R$ 15 bilhões.

O LIVRO ERRA PORQUE... "o autor utiliza-se de uma comicidade pobre, pastiche da velha historiografia amazonialista. Ao invés de produzir uma outra ficção que pelo visto era sua intenção, reproduz 'fatos' pitorescos sem o mérito e a criatividade da tradicional ficção histórica ou 'científica' de um Euclides da Cunha ou de um Leandro Tocantins. O Acre foi inventado por inúmeras narrativas ficcionais e continua sendo - todos os dias - pelas fantasiosas propagandas do governo desse Estado, que vende para o Brasil e para o mundo a ideia de um lugar que não existe. Gerson Rodrigues de Albuquerque é Doutor em História Social da Universidade Federal do Acre.                                    Copyright © 2009 - Editora Globo S/A

                                                        

 
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Em poucos minutos você localiza tudo que é primordial para começar o estudo em filosofia antiga. Isso por meio do mapa que encomendamos do Maurício Bonetti, um engenheiro da computação que está nos meios filosóficos aqui conosco. Vejam aqui no Portal Brasileiro da Filosofia. Vejam mesmo, vocês vai adorar: http://filosofia.pro.br
Ou podem ver o link direto: MAPA É só clicar nas cidades e nomes e ir se deliciando e viajando no tempo e no espaço na Grécia Antiga.
Paulo Ghiraldelli Jr

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