Centro cultural de memória da escravidão ganha prêmio por contar história da relação Brasil-África

domingo, 17 de outubro de 2010


Centro cultural de memória da escravidão ganha prêmio por contar história da relação Brasil-África

Fonte: Agência Brasil Isabela Vieira 17/10/2010

Rio de Janeiro – Uma casa colonial na zona portuária da capital fluminense guarda um acervo arqueológico que traz muito da história do Brasil Colônia. São restos mortais de africanos escravizados no século 18, que não resistiram ao tráfico e foram ali enterrados, antes mesmo de serem vendidos no principal mercado de cativos do país, na mesma região.

Descoberto por acaso, o cemitério foi transformado em centro cultural em 2006. Reconhecido por suas oficinas de história para professores, estudantes e guias turísticos, o centro cultural receberá um prêmio do Ministério da Cultura, na próxima semana, em Brasília, por preservar as relações de memória entre o Brasil e África. Só neste ano, o centro atendeu cerca de 400 alunos.

A descoberta do Cemitério dos Pretos Novos, como é conhecido o lugar, foi feita por Merced Guimarães e seu marido, há 14 anos, quando eles reformavam a casa em que moravam e que hoje é o centro cultural. O fato surpreendeu aos donos do imóvel e a historiadores, deu origem a inúmeras pesquisas e fez com que Merced e o marido transformassem o local num símbolo "do holocausto dos negros". Merced define assim o centro cultural numa referência à escravização de africanos que, no Brasil, resultou na morte de milhares deles.

"Encontramos o cemitério, que era tido como uma lenda. Representa um história rica, de relação com a África, marcada por um holocausto, um crime contra a humanidade", destacou Merced, que é diretora-presidente da instituição.

Agora, ela pretende investir o dinheiro do prêmio na melhoria da infraestrutura do  centro cultural, que passa por dificuldades financeiras. Segundo Merced, os recursos serão aplicados na organização da parte administrativa, na montagem de uma biblioteca e para o pagamento de parte das despesas. "Incentivamos a educação. O conhecimento do passado para o presente, mas temos que pagar contas", disse. A instituição cultural funciona como Ponto de Cultura, iniciativa cultural da sociedade civil que conta com recursos do governo federal em parceria com o governo estadual.

O Cemitério dos Pretos Novos está localizado entre os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, correspondente ao entreposto conhecido como Valongo, por onde os historiadores estimam a passagem de cerca de 1 milhão de africanos escravizados. No local, os estudos indicam que os escravos eram enterrados em covas coletivas e muitos até mesmo vivos, por estarem doentes.

Até os dias atuais, a zona portuária é marcada pela história da escravidão. A região é chamada de Pequena África e abriga o monumento A Pedra do Sal, núcleo simbólico do trabalho dos estivadores, negros recém-libertos, e que também faz referência à origem do samba. No bairro, está ainda o Centro Cultural José Bonifácio, de referência à cultura afro-brasileira.

Edição: Lana Cristina

Fonte: GRUPO DE ESTUDOS DA HISTORIA DO BRASIL

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História do lazer no Rio no período de 1830 a 1930 é tema de publicação


Diversão vira livro

História do lazer no Rio no período de 1830 a 1930 é tema de publicação

Fonte: O GLOBO Publicada em 16/10/2010 às 23h12m

Jacqueline Costa

Lagoa Rodrigo de Freitas, uma das opções de lazer no Rio - Foto: Domingos Peixoto - O Globo

RIO - "Ócio, descanso, folga, vagar. Tempo de que se pode livremente dispor, uma vez cumpridos os afazeres habituais. Atividade praticada nesse tempo; divertimento, entretenimento, distração, recreio". As definições do dicionário para a palavra lazer são tão agradáveis de ler que quase convidam ao dolce far niente. Mas quem já parou para pensar na história do lazer carioca? O livro "Vida Divertida: Histórias do Lazer no Rio de Janeiro (1830-1930)", da editora Apicuri, detalha as diferentes formas de entretenimento na Cidade Maravilhosa e mostra como se esbaldavam nossos avós e bisavós em suas horas livres.

A diversidade das formas de diversão, a importância do bem-vestir e as formas de amar, dançar e se comportar nos espaços públicos e privados são analisadas por 11 autores, que mostram que nem sempre praia, samba, futebol e carnaval foram os programas preferidos dos moradores do Rio. A publicação - organizada por Andrea Marzano e Victor Andrade de Melo - fala sobre o processo de construção de um imaginário moderno para a então capital do país. Andrea explica que o período escolhido (1830-1930) é bastante abrangente porque inclui o Império e a Primeira República.

- Tentamos fazer um livro que desse um panorama do lazer carioca nesses cem anos. Buscamos agrupar autores de diferentes áreas, como antropólogo, historiadores, professores de educação física e de educação musical, entre outros. O humor aparece muito no livro. A ideia foi falar de diversão sem deixar de mostrar os conflitos - diz Andrea.

A primeira área de lazer destinada aos cariocas foi o Passeio Público, projetado por Mestre Valentim. Foi construído em 1783 em cima da Lagoa do Boqueirão da Ajuda, aterrada com o desmonte do Morro das Mangueiras. Em 1861, o desenho do parque foi modificado pelo paisagista e botânico francês Auguste Glaziou. Após a reforma, só restaram o Chafariz dos Jacarés, os obeliscos e o portão de acesso. Atualmente, a área que já foi nobre é pouco utilizada.

Professora de História da Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio), Andrea conta que o Campo de Santana foi palco, até meados do século XIX, da festa do Divino Espírito Santo, um dos principais eventos do Rio.

- Era uma grande celebração que mobilizava gente de toda a cidade. Mas começaram a considerar que era um evento indigno de uma cidade civilizada. No início do século XX, a festa popular foi transferida para a Igreja da Penha, no subúrbio - explica Andrea.

A historiadora lembra que, neste período, o lazer carioca começou a ganhar refinamentos vindos da Europa. Vários jardins afrancesados foram espalhados pela cidade. O Campo de Santana foi reformado por Glaziou. O lugar, que ganhou grades, era frequentado pela elite. O parque foi reinaugurado em 1880 pelo imperador Dom Pedro II. Hoje, o Campo de Santana ainda é utilizado como um espaço de lazer, mas a elite já não mais passeia por lá.

A Avenida Central, inaugurada pelo prefeito Pereira Passos em 1905, era um espécie de vitrine da cidade, com mulheres elegantes e homens de casaca desfilando, assim como a Rua do Ouvidor.

Hoje, ir à praia é parte fundamental do lazer carioca. Mas nem sempre foi assim. Só no início do século XX, com a construção da Avenida Beira-Mar e do Túnel Novo, em meio às reformas urbanas de Pereira Passos, o acesso às praias da Zona Sul foi facilitado, o que acabou estimulando o costume dos banhos de mar. Até então, os mergulhos eram apenas para fins medicinais.

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Livro O Brasil e a URSS na Guerra Fria - Convite Sessão de Autógrafos


Lançamento do livro "O Brasil e a URSS na Guerra na Fria"  de Charles Domingos.
 
O livro já está disponível na Ladeira Livros, Livraria Cameron Bourbon Ipiranga, Livraria Cultura e Estante Virtual.

Durante a 56ª Feira do Livro de Porto Alegre, "O Brasil e a URSS na Guerra Fria" estará com exclusividade na
Ladeira Livros - Banca 10.

 

 
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Chamada de Publicação - VEREDAS DA HISTORIA


A Equipe do periódico eletrônico VEREDAS DA HISTÓRIA (http://www.veredasdahistoria.com - ISSN 1982-4238 – qualificada no sistema Qualis/Capes como B4) informa a todos que se encontra em fase de preparação para a publicação do seu 4º número.
 
Serão analisados os trabalhos recebidos até o dia 15 de dezembro.
 
A Revista Veredas da História tem como objetivo publicar artigos, resenhas, textos e documentos, frutos de pesquisas desenvolvidas por alunos e professores.
A idéia da publicação é que os trabalhos possam dialogar com as mais diversas ciências, fomentando, através da sua interdisciplinaridade, a criação de um espaço para discussão e debate acadêmico promissor, originando assim pensamentos transformadores e criativos.
 
 
Nossa periodicidade é semestral, com recebimento em fluxo contínuo. Convidamos a todos a acessar e contribuir para o crescimento da revista.
 
Os trabalhos devem ser enviados para:
 
 
Em nossa última edição contamos com os trabalhos:
 
 
ARTIGOS
 
  • Acordes Historiográficos - José D'Assunção Barros
  • Antônio Ramos dos Reis e Nicolau Carvalho de Azevedo – os homens bons nas Minas do Ouro: notas acerca do perfil social dos oficiais camarários na Vila Rica setecentista - Fernanda Fioravante
  • Entre o arraial e a cidade: Pequenos e grandes comerciantes em Minas Gerais no século XIX. Apontamentos sobre economia e hierarquia social em Furquim e Mariana – Leandro Braga de Andrade
  • As relações amorosas na Paraíba Imperial – os raptos consentidos no cotidiano das cidades - Rosemere Santana
  • Paul Ricouer: Por uma Discussão da Narrativa - Vanuza Souza Silva
  • O intelectual como ator: Tocqueville, Gramsci e a modernização brasileira - Fernando Perlatto
  • Historiografia arquivística: Novas propostas - Érika Kelmer Mathias
  • Breves considerações sobre a conquista do voto feminino no Brasil - Mônica Karawejczyk
  • O sermão das tentações na lógica jurídica do Antigo Regime: construindo pactos e preservando as tradições - Marcelo Tadeu dos Santos
  • Entre Deuses e Demônios: religiosidade e imaginário em Sergipe oitocentista - Magno Francisco de Jesus Santos
  • Memórias locais: análise das escrituras de Valdon Varjão sobre Barra do Garças - Aline Lopes Murillo
  • As Marias de Albrecht Dürer: reflexões a partir do estudo da liturgia e festividades cristãs dos séculos XV e XVI - Rachel Jaccoud Ribeiro Amaro
  • História, Literatura e Memórias: o autoritarismo no Brasil Republicano em três obras literárias - Valdeci Rezende Borges
RESENHAS
 
  • CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede – a era da informação: economia, sociedade e cultura, volume I. Trad. Roneide Venâncio Majer e Jussara Simões. São Paulo: Paz e Terra, 1999 - Daniel Santiago Chaves
  • SOUZA, Rogério Luiz de; OTTO, Clarícia (orgs). Faces do Catolicismo. Florianópolis: Insular, 2008 - Edison Lucas Fabricio
DOCUMENTO
 
  • O Livro do Armeiro Mor e a Construção da Memória da Realeza Moderna - Robson Luis Nicolay
 
Equipe Veredas da História
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Brasil Colônia tinha 12 médicos, mostra livro


Isolado e imundo

Hábito de jogar excrementos pela janela e ausência de médicos faziam do Brasil Colônia grande foco de epidemias, mostra novo livro

RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO 

Não raro, no Rio de Janeiro, em Salvador ou em qualquer outro núcleo urbano brasileiro colonial, um pedestre era "abatido" por excrementos humanos voadores enquanto seguia pela rua.

Não havia esgoto, e o hábito era jogar o resíduo pela janela mesmo. As ruas, claro, não ficavam exatamente limpas, e se tornavam bastante insalubres. Não tendo o país nenhuma faculdade de medicina, doenças contagiosas chegavam e ficavam sem enfrentar grande resistência.

Mesmo em 1799, já muito perto do fim da colônia e da chegada da família real portuguesa em fuga para o Brasil, o país, com cerca de 3 milhões de habitantes, não tinha mais de 12 médicos formados - todos importados.

Em Portugal (como no resto da Europa) também existia o hábito pouco higiênico de defenestrar fezes humanas, mas por lá, pelo menos, a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra já formava gente desde 1290 - outros países europeus também já tinham escolas médicas.

No caso brasileiro, a única solução era improvisar.

"No Brasil Colônia, então, formou-se uma pequena multidão de curandeiros, benzedeiras e rezadores que tentavam suprir a absoluta carência de profissionais habilitados", diz Cristina Gurgel, médica da PUC de Campinas que é especialista em história da saúde.

Ela está lançando o livro "Doenças e curas: o Brasil nos primeiros séculos", pela editora Contexto. Nele, ela lista doenças que se propagavam com facilidade na época, como varíola, hanseníase, malária e sarampo, além de constantes disenterias.

Por isso, a expectativa de vida dificilmente passava dos 30 anos. Crianças também eram vítimas fáceis: no século 17, por exemplo, apenas uma em cada três crianças nascidas no Nordeste conseguia sobreviver.
Até existiam alguns hospitais, como as Santas Casas, mas eles eram mantidos muito mais pelos religiosos do que por médicos.

CURA PELA PÓLVORA

Mesmo quando o paciente tinha sorte e principalmente dinheiro para conseguir assistência profissional, sua situação não era das melhores - os médicos também não sabiam muito bem o que estavam fazendo.

O médico português João Ferreira Rosa, por exemplo, chegou ao Recife em 1690 e, do alto do seu reconhecimento como um dos poucos profissionais de saúde no país, recomendou, entre outras coisas, a expulsão das prostitutas - elas ofendiam a Deus, que poderia querer se vingar.

Os remédios daquela época, aliás, frequentemente envolviam ingredientes como fumo, fezes de cavalo, aguardente e, está documentado, pólvora - imagine o alvoroço que isso tudo não causava no organismo do vivente, acabando por fazer muito mais mal do que bem.

Ou seja, mesmo com a chegada da Corte ao país em 1808 e a criação de duas faculdades de medicina por aqui (uma em Salvador e outra no Rio), a saúde pública no país não melhorou muito.

A própria expectativa de vida só viria a subir significativamente no século 20 - ontem, em termos históricos.

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Debate - apoio à Escola Nacional Florestan Fernandes





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Seminário Mulher na Carreira Militar


Seminário 30 anos da participação das mulheres nas fileiras militares promovido pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha e IHGB.
A programação segue abaixo.

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

SEMINÁRIO MULHERES NA CARREIRA MILITAR: 30 anos de criação do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha
Inscrições: http://biblioteca.dphdm.mar.mil.br/sistemas/mulhermarinha/fale.html

10 DE NOVEMBRO – QUARTA-FEIRA
14:00h –       Credenciamento
15:00h –       Sessão de abertura - Professor Doutor Arno Wehling - Presidente do IHGB
15:15h –       30 anos da Mulher Militar na Marinha do Brasil – Vice-Almirante (EN) Armando de Senna Bittencourt – Diretor do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha
16:15h –       Características do processo decisório sobre o ingresso da mulher militar na Marinha do Brasil – Capitão-de-Corveta (T) Mariza Ribas d'Ávila de Almeida (Mestre em Política Social – UFF e Assistente Social da Marinha do Brasil)
17:00h –       As mulheres e a luta pela profissionalização nas primeiras décadas do século XX - Professora Doutora Ismênia de Lima Martins (UFF)

11 DE NOVEMBRO – QUINTA-FEIRA
14:30h –       Início do segundo dia
15:00h –       O histórico da participação da mulher junto às forças armadas e o pioneirismo da Marinha – Doutoranda Suellen Borges de Lannes (UFRJ)
15:45h –       Mulher Militar na Marinha do Brasil: Percepção da Práxis Feminina e suas Implicações para a Gestão de Pessoas Incluindo Gênero e Cultura Organizacional – Capitão-de-Fragata (T) Janaina Silvestre da Silva (Mestre em Administração e Desenvolvimento Empresarial – Universidade Estácio de Sá e Psicóloga da Marinha do Brasil)
17:00h –       Contribuições para a construção de uma agenda de gênero nas Forças Armadas – Professora Doutora Maria Celina D'Araujo (PUC-RJ)
18:10h –       Encerramento: alocução do Vice-Almirante (EN) Armando de Senna Bittencourt
Informações: (21) 2104-6722 begin_of_the_skype_highlighting              (21) 2104-6722      end_of_the_skype_highlighting  

Serão conferidos Certificados de Participação aos presentes nos dois dias do seminário.

LOCAL: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Salão Nobre) - Av. Augusto Severo, nº 8 – Glória. Rio de Janeiro, RJ
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