Condorcet: Um Mestre Revolucionário

sábado, 20 de setembro de 2008


“Sob a mais livre das constituições, um povo ignorante é sempre escravo”, escreveu o inspirado francês Marie-Jean-Antoine-Nicolas Caritas Condorcet.

Literato, filósofo, economista, matemático e político, ele sucumbiu numa prisão parisiense no ano de 1794 nas mãos dos terríveis jacobinos liderados por Robespierre, depois de ter colaborado ativamente naquele movimento revolucionário que pretendia acabar com os desmandos de uma monarquia abusiva, mas acabou tornando-se o primeiro grande movimento terrorista de que se tem noticia.

“A arma da Revolução é o terror”, afirmava Robespierre transformado em personagem na “Morte de Danton” do escritor George Buchner. Possivelmente ele tenha sido o pai de todos os terroristas e a Revolução Francesa o berço dos indignados que imaginam que o terror e a violência possam resolver as desavenças que a inteligência e a sensibilidade humanas não souberam conciliar; e o inspirado Marquês de Condorcet uma das mais ilustres vitimas do terror naquele tempo.

Condorcet concebia a possibilidade do aperfeiçoamento humano e foi contagiado pelo otimismo e pela indignação de Voltaire contra os impostores e ditadores, e de quem foi editor. Em “Esboço de Um Quadro Histórico dos Progressos do Espírito Humano”, sua visão otimista fica muito evidente, contrapondo-se ao pessimismo de alguns pensadores da época.

Foi vítima do Terror por contrapor-se à hegemonia ditatorial dos jacobinos - impostores de estreitas luzes que até hoje têm assento em muitas instituições - que não admitiam oposição de nenhuma espécie e se refestelavam no poder indefinidamente. Considerava que o desenvolvimento humano não poderia coexistir com os preconceitos e as crenças, pois estaria alicerçado na liberdade de pensar; que o progresso coletivo dependia do progresso dos indivíduos, material e espiritualmente falando.

Condorcet idealizou a escola pública na França que foi modelo para todo o mundo; defendeu as liberdades da mulher, as aposentadorias e pensões, o combate às guerras, o controle inteligente da natalidade.

Com tantas idéias, tanta vontade de viver, tanto otimismo, morreu solitário nos porões do terror sufocado pelo ódio dos poderosos para os quais tudo se resume no poder, na riqueza e no jogo de seus mesquinhos interesses.

O que os impostores e os ditadores não compreendem é que os pensamentos criados pelos Condorcet sobreviverão e chegarão à mente de muitas pessoas no futuro, transportando os ideais de progresso e aperfeiçoamento humanos através do fomento ao estudo, à educação, e que nenhuma violência conseguirá calá-los.

Os homens e os povos do futuro poderão, então, liberar-se das amarras seculares que engendram os ódios, os rancores e as guerras.

A humanidade deve muito ao Marquês de Condorcet e haverá de honrar a sua memória comungando com os nobres ideais que inspiraram a sua vida.



Informaçoes sobre o autor

Nagib Anderáos Neto

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Fonte: Artigos do Brasil