"No tempo do Onça" e a Política brasileira

segunda-feira, 6 de outubro de 2008


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7.02.2007 "SENHOR, NESTA TERRA TODOS ROUBAM. SÓ EU NÃO ROUBO"


Luís Vahia Monteiro foi empossado governador da capitania do Rio de Janeiro
em 10 de maio de 1724, sucedendo Aires de Saldanha. Coronel de infantaria em
Portugal, ele vinha para deixar seu nome registrado na História do Brasil
apenas por ser honesto e rigorosíssimo no cumprimento da Lei.

A simpatia com que foi recebido pelas autoridades logo se transformou em
desconfiança quando começou a contrariar interesses dos vereadores. Durante
seus sete anos de governo, receberia o ódio dos poderosos e a confiança da
população.

Luís Vahia Monteiro restraurou as fortificações da cidade, abalada pelas
invasões francesas de 1710 e 1711, organizou a arrecadação e o emprego
eficiente dos recursos da Fazenda Real e realizou uma devassa no transporte
de ouro de Minas Gerais ao Rio de Janeiro.

Mas o que fez realmente o governador cair nas graças do povo foi a sua
posição diante da crescente insegurança nas ruas. Luís Vahia Monteiro "tomou
imediatas providências no sentido de livrar a cidade da malta de malandros,
desordeiros e jogadores, não poupando os que, de qualquer forma, perturbavam
a vida social e o sossego dos lares. Com os ladrões então era de severidade
implacável". (1)

Consta também que era extremamente severo com os poderosos, incluindo aí
vereadores, jesuítas, ouvidor, juiz de fora, o que lhe valeu um grande
desgaste, pois "não raro as autoridades contavam com as boas graças dos
protetores da metrópole". (1)

Como a onça era o animal mais temido na época, principalmente por causa dos
ataques aos bandeirantes e aos que se aventuravam nas florestas em busca do
ouro nas Minas Gerais, este foi o apelido de Luís Vahia Monteiro, tal o medo
que bandidos de toda espécie, de poderosos a pé-rapados, tinham dele.

Daí veio daí a expressão "No tempo do Onca", uma das mais conhecidas do
imaginário popular e que até hoje, quase três séculos depois, ainda é citada.

Perseguido politicamente, Luís Vahia Monteiro acabou afastado do poder pela
Câmara em 1732, já em estado de saúde precário, sofrendo de constantes crises epiléticas. Foi substituído pelo mestre de campo Manuel de Freitas da Fonseca e morreu no mesmo ano.

Sua frase escrita numa carta ao rei D. João V entraria para a História:
"Senhor, nesta terra todos roubam. Só eu não roubo".

*LIVROS CONSULTADOS:

(1) - O Rio de Janeiro no tempo do Onça - Alexandre Passos. - Coleção Cidade
do Rio de Janeiro - 1961 - Estado da Guanabara.

(2) - Crônicas da cidade do Rio de Janeiro - Noronha Santos - Padrão
Inelivro - 1981 - Rio de Janeiro RJ.

(3) - A Praça Mauá na memória da cidade do Rio de Janeiro - Paulo B. Cezar e
Ana Viveiros de Castro - Ex Libris/IPLAN-RIO/João Fortes Engenharia - 1989 -
Rio de Janeiro - RJ.*

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Paulo Clarindo
Grupo de Pesquisa do Subúrbio Carioca
A. C. Amigos do Patrimônio
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