Livro aborda o conflito no Recife no período da Segunda Guerra Mundial

terça-feira, 8 de setembro de 2009


Livro aborda o conflito no Recife
A guerra como metáfora, do historiador pernambucano Karl Schurster, será lançado dia 24 e resgata a memória do confronto na capital de Pernambuco Wagner Sarmento wsarmento@jc.com.br Uma guerra falada, temida, sentida. Na série de quatro reportagens encerrada ontem, o Jornal do Commercio mergulhou no Recife de 1939 a 1945 para mostrar histórias produzidas durante a Segunda Guerra Mundial na capital pernambucana, sede da Quarta Frota Americana. Passagens negligenciadas pelo tempo em uma cidade que, sem ter vivido nenhuma batalha por terra, vivenciou o conflito de forma intensa, seja pela presença de 28 mil militares americanos, seja pelo temor propalado pelas autoridades e pela imprensa. Sensações resgatadas pelo historiador pernambucano Karl Schurster no livro A guerra como metáfora: política propaganda e imprensa no Estado Novo, que será lançado no próximo dia 24. Schurster mergulhou em documentos e jornais da época para buscar um conceito próprio do que foi a guerra para o recifense. ?Por mais que a gente não tenha tido nenhum combate especificamente na cidade, houve sim uma espécie de guerra no Recife?, avalia. O conflito, para ele, foi ?metaforizado? sobretudo pelo governo de Agamenon Magalhães, interventor de Pernambuco na época, que fez a população sentir-se mais perto da guerra. ?A guerra, de fato, nunca chegou além do mar. Mas foi vivida no cotidiano da cidade. O Estado orientava o povo, em mensagens nos jornais e avisos nas ruas, a fazer exerícios, por exemplo, contra ataques aéreos, ensinando as pessoas a se proteger em abrigos antiaéreos. Mas o Recife nunca teve um abrigo sequer?, cita. A sociedade, diz ele, se preparou para a guerra, sendo obrigada a apagar as luzes mais cedo e racionar gasolina. ?A guerra foi muito mais metafórica?, observa. O livro, que será lançado no Instituto Pedro Gual, do Ministério das Relações Exteriores venezuelano, entra em rota de colisão com a historiografia dos anos 80, que subestima a participação brasileira na Segunda Guerra. ?Discordo plenamente dessa visão. Se não tivemos guerra dentro de nosso território, fizemos a batalha do Atlântico, além de participar da guerra no front italiano. Vivemos aspectos da guerra?, observa, referindo-se à proteção de comboios de navios mercantes e à patrulha oceânica feitas pela Quarta Frota e à tomada de Monte Castelo, na Itália, pela Força Expedicionária Brasileira (FEB). A Quarta Frota funcionou no Recife entre 1942 e 1945 com 159 navios americanos fixos, 28 temporários e 40 embarcações brasileiras. De acordo com a Marinha, 982 pessoas morreram em navios mercantes brasileiros. A FEB perdeu 451 homens na guerra. A guerra como metáfora terá lançamentos também em Cuba em 5 de outubro e, quatro dias depois, no Laboratório de Estudos do Tempo Presente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
 
Autor: Redação
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
Data: 03/09/2009

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